Estréia: 16/06/ 2016
Olha posso dizer tranquilamente que As Tartarugas Ninja têm um lugar especial no hall de personagens que mais gosto. E não por isso, fui uma das poucas pessoas que eu conheço que se divertiu com o primeiro filme. Digo que não foi por isso, porque separar “fanboy” do “cinéfilo” é importante (Dragon Evolution que o diga), e realmente me diverti, não fiquei tão incomodado com todos os “pelos” que a turma encontrou na época. Nos deparamos aqui então com a continuação da franquia, As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras… e “goddammit”, agora parece que o caldo desandou.
No filme, o mundo fica em perigo depois que o supervilão “Destruidor” (Brian Tee) foge da justiça e junta forças com Baxter Stockman (Tyler Perry), um cientista louco que arquiteta um plano diabólico para conquistar o mundo junto com seus dois capangas, Bebop e Rocksteady. À medida que as Tartarugas se preparam para combater o Destruidor e sua nova equipe, eles se deparam com um inimigo ainda maior do que imaginavam: o terrível Krang.
O filme já começa com uma daquelas cenas espetaculares, que tenta mostrar de forma individual as habilidades principais dos Tartarugas, uma boa estratégia para trazer o público de volta a franquia e relembrar quem são os personagens. Infelizmente, já notamos por essa primeira sequência que o filme está cada vez mais parecido com a franquia Transformers, onde não importa se você consegue ver tudo, mas sim se é grandioso o suficiente para te impressionar de alguma forma. A fotografia e edição simplesmente não entregam o básico para que você curta a ação. É sempre uma chuva de efeitos visuais, misturados as piruetas mais alucinantes do grupo de quelônios, e os poucos momentos em que você realmente entende as batalhas são onde surgem as famosas câmeras lentas (provavelmente herança do produtor Michael Bay). Paralelo a isso, é preciso dizer que os efeitos visuais em si são muito bem executados, mas o excesso deles incomoda principalmente nos momentos finais.
A parte cômica oscila, mas funciona, principalmente quando os irmãos interagem e, nesses diálogos, passam a lembrar muito aquelas Tartarugas dos filmes dos anos 90 e das animações que tanto gostamos, exceto pelo insuportável e inexplicavelmente antipático Raphael, com uma personalidade forçada, marrenta e que as vezes beira o assustador.
Os novos personagens são mal aproveitados. Beboop e Rocksted ainda tem mais sorte por causa da característica simples de suas figuras, que podem ser (e são) resolvidas em apenas uma cena. Já o Casey Jones de Stephen Amell (o Arqueiro de Arrow) é um dos personagens mais jogados da história. Casey aparece como um guarda policial encarregado pelo transporte de presos (pelo menos é o que nos mostram), diz em algum momento que gosta muito de Rockey no gelo e pronto, lá está Casey agindo como um justiceiro com habilidades (quase superpoderes) para usar um disco e um taco de rockey no combate ao crime.
O Destruidor volta, mas apesar de ter alguns bons momentos em sua re-introdução não é o vilão do filme. E a relação dele com o real vilão Krang, é até difícil de comentar, extremamente vaga, literalmente resumida a um portal unidimensional que ninguém sabe da onde vem ou pra onde vai.
O filme também ainda dá um espaço fora do normal para a April da bela Megan Fox (praticamente protagonista do primeiro longa), que em sua primeira aparição já traz um ótimo easter egg para os fãs da animação clássica, mas agora também tem um interesse amoroso que deve render mais histórias e aumenta sua participação nos próximos filmes.
Por falar em histórias, algumas delas como o desejo de ser humano dos tartarugas e sua integração a sociedade. que poderiam render um embate de ideias divertido, parecem ter sido jogadas na trama apenas como desculpa para ação ( ótimo, se fosse bem contextualizada), assim como a presença do Brasil na trama, quase que um agradecimento pelo bom desempenho do primeiro filme aqui em nossas terras.
Enfim, apesar de uma ou outra piada para adultos As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras é feito para crianças (pequenas), e não há problemas nisso, muito pelo contrário, em tempos de tanto “politicamente correto” elas cada vez mais precisam de filmes para chamar de seu e devem se divertir com a megalomania desse aqui. Porém, se essa mesma criança for do tipo que estabeleceu padrões altos de filmes de aventura animada como: Big Hero 6, Como Treinar Seu Dragão e etc… aí meu amigo… santa tartaruga, os irmãos viciados em Pizza estarão numa grande encrenca (como já diria o narrador da Sessão da Tarde)… Confira nossa Chuck Nota …