Essa quinta- feira estréia a nova animação da Pixar, e depois de emplacar um sucesso praticamente unânime como DivertidaMente (provável vencedor do Oscar de animação desse ano) as expectativas em cima do estúdio que já são altas, crescem ainda mais. Eis que recebemos O Bom Dinossauro, filme que teve diversos problemas em sua produção (troca de diretor, orçamento estourado, mudança na linha criativa) e foi adiado deixando a Pixar pela primeira um ano vago sem uma nova produção (2014). No fim, em meio a escorregões, o filme ainda mantém o padrão artístico da Pixar que o posiciona bem entre as animações recentes.
Os dinossauros foram extintos após a colisão de um gigantesco asteróide com o planeta Terra. E se este evento não tivesse ocorrido? O Bom Dinossauro parte desta premissa para trazer a história de dinossauros que ainda hoje controlam o planeta, levando suas vidas como seres humanos, com famílias, plantações (antropomorfismo). E mostra a amizade de Arlo, um dinossauro adolescente, com um jovem menino humano, Spot.
O diretor Peter Sohn assumiu o longa com a missão de colocar nos trilhos a aventura pré- histórica da Pixar. Porém, o roteiro em si não traz grandes novidades, é um grande “mexido” de outras animações que segue muitos aspectos do sucesso da Disney, Rei Leão e, ainda bebe de clássicos da Pixar como Procurando Nemo e UP. Como diferencial O Bom Dinossauro, traz a mais impressionante reprodução de floresta que uma animação já fez. É tão real, que em algum momento realmente me perguntei se aquelas imagens não haviam sido gravadas em uma floresta mesmo. Repleto de detalhes nas texturas, nas cores, o visual do longa impacta principalmente quando as cenas envolvem água e as belas sequências com os vagalumes, tamanha a perfeição do design . Estranhamente (ou propositalmente, não ficou muito claro), Arlo, o dinossauro protagonista tem um design totalmente oposto ao cenário em que vive, bastante cartunesco, parece uma animação clássica em 2D no meio de um filme moderno.
A Pixar sabe tocar no botão certo quando o assunto é emoção. Os temas família e saudade vem à tona e nos fazem lembrar que se trata de um filme do estúdio pela delicadeza com que coloca um nó em nossa garganta e uma lágrima no canto de nossos olhos.
Fica a impressão de que nem todo o potencial do filme é explorado, falta claramente um coadjuvante carismático que chame a atenção quando o longa está sério demais, aquelas figuras que fazem a diferença para uma animação de sucesso, como Timão e Pumba (Rei Leão), Olaph (Frozen), Dory (Procurando Nemo), até porque Arlo, o personagem principal, é bastante oscilante no filme, e Spot o cãozinho, digo, humano, não chega a ser um coadjuvante. Há algumas tentativas com os irmãos do dinossauro e um trio de Tiranossauros bonzinhos que aparece no meio do longa, mas nenhum é aprofundo o suficiente para criar empatia. Um personagem, um tricerátopo (espécie de rinoceronte da pré – história) aparece e em pouco tempo traz piadas hilárias, conquista nossa simpatia, mas some, literalmente, sua participação dura uma cena e deixa a impressão de que o personagem foi uma das vítimas das confusões na produção (uma pena). Outro grande problema é que o fator que chama atenção na sinopse, “Como seria o mundo se os dinossauros tivessem sobrevido?”, não é explorado, a convivência entre humanos e dinossauros se resume aos dois personagens principais, um dinossauro adolescente e um humano criança que não sabe se comunicar, o próprio mundo dos dinossauros fica em terceiro plano, tornando o filme uma aventura que poderia ter seus personagens facilmente trocados por outros seres ou animais.
Enfim, resumindo, em cima do que me perguntaram uma vez. “Tá eu posso levar meu filho pra ver ou não?”. rs Sim, sem dúvidas, seu filho/a vai se divertir, curtir o filme por motivos diferentes, os personagens tem uma ligação muito instantânea com os pequenos, seja por seu design ou sua forma mais física de se comunicar. O Bom Dinossauro está longe de ficar entre os melhores da Pixar (DivertidaMente, Toy Story 3 e outros clássicos) , mas também está longe de ser dos mais fracos (Carros 2) , uma opção tranquila, principalmente para quem precisa levar os filhos, sobrinhos, netos ao cinema e está mais preocupado com a diversão deles. Confira nossa Chuck Nota logo abaixo…