Um dos filmes mais indicados ao Oscar deste ano, O Jogo da Imitação, ostenta 8 nomeações incluindo a de melhor filme. Apesar de aparentemente correr por fora na disputa, o longa desperta a atenção e surpreende os desavisados, quando ao contar de história de Alan Turing, considerando o pai da computação, nos mergulha num poderoso estudo do comportamento humano usando a vida do matemático como exemplo…

Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico monta uma equipe que tem por objetivo quebrar o “Enigma”, o famoso código que os nazistas usam para enviar mensagens aos submarinos. Um de seus integrantes é Alan Turing (Benedict Cumberbatch), um matemático de 27 anos, lógico e focado no trabalho, que tem problemas de relacionamento com praticamente todos à sua volta. Não demora muito para que Turing, apesar de sua intransigência, lidere a equipe. Seu grande projeto é construir uma máquina que permita analisar todas as possibilidades de codificação do Enigma em apenas 18 horas, de forma que os ingleses conheçam as ordens enviadas antes que elas sejam executadas. Entretanto, para que o projeto dê certo, Turing terá que aprender a trabalhar em equipe, o que é, claramente sua grande dificuldade.
Ao contrário do agridoce A Teoria de Tudo, que tem em sua pilastra principal a fantástica atuação de Eddie Redmayne, fortíssimo concorrente ao Oscar de melhor ator; O Jogo da Imitação trabalha seu roteiro com uma sagacidade admirável e, mesmo tendo a ótima atuação de Benedict Cumberbatch como uma arma letal para fisgar o público, não deixa a desejar com sua atraente narrativa. Enquanto o matemático Alan Turing tenta desesperadamente colocar seu projeto pessoal em prática (a tal máquina que desvendará os códigos nazistas), acompanhamos a luta do personagem para superar alguns traumas pessoais e outros absorvidos pela sociedade em plena guerra.

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A homossexualidade de Alan Turing é tratada de forma bastante implícita ao longo do filme, e aos poucos toma a posição de justificativa para o comportamento intransigente e introspectivo de Alan, fato que acrescenta um pouco de dramaticidade ao roteiro, pois as dificuldades do matemático em trabalhar em equipe podem prejudicar um dos maiores projetos da Segunda Guerra Mundial (estima-se que o projeto tenha salvado cerca de 10 milhões de vidas) e você sente isso durante a projeção. Para equilibrar a balança Keira Knightley como Joan, também indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, está ali para fazer a ponte entre Alan e sua humanidade esquecida e funciona muito bem nesse quesito, mas começa a se perder quando se torna um tipo de “representante do pensamento feminista atual”, na década de 40, é como um tipo de chamariz para o público feminino ávido por um justiça histórica que já não ocorrerá mais.
A direção do norueguês Morten Tyldum, é concisa e objetiva, no entanto não é das mais criativas, é tudo bem reto e direcionado para história e seu estudo de comportamento, sem grandes aportes de inventividade que pudessem encorpar o longa. A reconstrução histórica é irretocável, um primor detalhes que causa a imersão completa daquela década, desde figurinos até as salas de trabalho dos matemáticos.
Enfim, O Jogo da Imitação tem o privilégio de abordar um história rica em conteúdo e nuances dramáticas (Segunda Guerra, homossexualidade, machismo, dificuldade de relacionamento, depressão e etc), e de fato, não desperdiça esse material. O filme é forte, não tenta transformar Alan Turing num ídolo, mas tenta lhe fazer alguma justiça histórica ao plantar uma sementinha de tristeza com a forma desumana como o matemático foi tratado, mesmo após sua participação decisiva em um dos maiores episódios da humanidade. O Jogo da Imitação claramente cumpre os objetivos para os quais foi planejado, é um básico, mas um básico bem feito sempre faz a diferença… Veja a Chuck Nota de O Jogo da Imitação logo abaixo…

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