Em “Máquinas Mortais”, além das cidades, as expectativas também são engolidas
Anos depois da “Guerra dos Sessenta Minutos”. A Terra está destruída e para sobreviver as cidades se movem em rodas gigantes, conhecidas como Cidades Tração, e lutam com outras para conseguir mais recursos naturais. Mas quando Londres se envolve em um ataque, Tom (Robert Sheehan) é lançado para fora da cidade junto com uma fora-da-lei e os dois juntos precisam lutar para sobreviver e ainda enfrentar uma ameaça que coloca a vida no planeta em risco.
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Baseado no livro homônimo, “Máquinas Mortais”, chega como candidato ao posto de filme adolescente do momento. Posto carente há algum tempo, desde “Jogos Vorazes” e da esquecível saga “Crepúsculo”.
Esse “Máquinas Mortais”, está mais próximo do que se viu em Maze Runner. Mas ao contrário da franquia da “correria”, esse não começa mostrando tanto potencial. Por outro lado, carregando a assinatura do lendário Peter Jackson (“Senhor dos Anéis”), “Máquinas Mortais” entrega justamente o que se espera vindo do nome do produtor. Ótimos efeitos visuais e um design de produção conceitualmente excelente. Uma mistura de mundo pós apocalíptico com visões de tecnologia moderna, mas que estranhamente se encaixam muito bem.
Ainda assim, fora essa parte visual, o filme descamba para um amontoado de momentos aleatórios e clichês. Uma junção que definitivamente desperdiça o esforço de produção (e a grana preta que você vê em cada cena do filme).
Os personagens são mal desenvolvidos, e tem uma personalidade sempre muito forçada. Figuras para gerar pôster e fãs clubes. Exceto pelo Tom, protagonista, vivido pelo carismático Robert Sheehan, a maioria dos personagens não cria qualquer empatia com o público. Do mesmo modo, reforçam a intenção de criar personas de cartaz. Os “guerreiros”, estão sempre com cabelos muito arrumados e bem maquiados, mesmo em meio as batalhas mais malucas em desertos e cenários destruídos.
Hugo Weaving (“Matrix”) surge como vilão (como na maioria de seus filmes), mas o filme não se preocupa em dar muita base para ele. Seu personagem, o Thaddeus Valentine, à primeira vista, é como um tipo de bem-feitor do futuro. Mas rapidamente se mostra o vilão do filme. Definitivamente, uma virada que parece ter sido adiantada pela falta de tempo do longa para contar tudo que precisa.
O filme é bastante expositivo, tenta explicar tudo, mas mesmo assim deixa muitas respostas no ar. A princípio, talvez para emendar uma sonhada continuação, ou simplesmente pela dificuldade de encaixar todos os aspectos do livro. Independentemente do motivo, faltam peças no quebra cabeças para arrendondar o confuso roteiro pós apocalíptico.
Há questões básicas do longa, que são abordadas superficialmente, como o próprio fato de cidades engolirem cidades, e qual a razão prática disso. As reviravoltas são previsíveis, a “bola” é cantada muito tempo antes e quando o “plot twist” realmente acontece, já perdeu força. E quando não são previsíveis, é pelo fato de serem mesmo, inacreditavelmente incoerentes. Como é o caso de uma certa relação da protagonista com um dos vilões do filme.
Falta também momentos de leveza mais efetivos a “Máquina Mortais”. Exceto por uma menção a um famoso filme da Universal (estúdio responsável), todas as outras piadas ficam no vácuo. No máximo tiram aquela mexida de face que não chega a ser um sorriso rs.
A ação que poderia salvar alguns problemas do filme, é bem genérica. Apela para o grande orçamento para fazer sequências gigantes de explosões, perseguições voadoras e não se vê nada de prático. Não há um embate decente corpo a corpo, é tudo bastante picotado. E mesmo num tipo de confronto final, nada mais do que alguns passos muito coreografados.
Enfim, “Máquinas Mortais”, é um dos grandes lançamentos desse ano e provavelmente a primeira grande decepção também. O filme não se conecta com sua própria proposta, então, fica difícil esperar que se conecte com o público.
Confira o trailer e nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.
Cena pós – créditos: Não tem