Steve Carrel, Lawrence Fishburne, Bryan Cranston

“A Melhor Escolha”, traz Richard Linklater (“Boyhood”) explorando as feridas da cultura de guerra dos Estados Unidos, em um filme baseado em experiências e grandes diálogos.

No longa, anos depois de terem levado Meadows (Steve Carell) para a prisão, os marinheiros Buddusky (Bryan Cranston) e Mulhall (Laurence Fishburne) recebem uma ligação do velho amigo pedindo que ambos o ajudem a trazer para casa o corpo do filho que foi morto na Guerra do Iraque.

Umas das boas características de Linklater é trazer à tona a importância por trás dos diálogos aparentemente mais simples. E para isso, o diretor conta com o trio de peso, formado pelos indicados ao Oscar, Bryan Cranston (série “Breaking Bad”) sempre excelente, melhorando todos os momentos que lhe são dados, com um personagem por vezes irritante e por vezes divertido. Lawrence Fishburne brilhando entre a sobriedade e a comédia, e Steve Carrel, fantástico em seu estilo contido, no tímido “Doc” que representa toda a tristeza e emoção do filme.

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Ao mesmo tempo que critica a cultura bélica americana, Richard faz diversos paralelos entre as guerras do Vietnã e Iraque, e sobre como as as situações se repetem através dos tempos. O filme também aborda a solidão como fator de desequilíbrio na vida, sentimento que faz com que Doc, após perder sua família, busque em seus conhecidos do passado, aquilo que ele vivenciou como o mais próximo da amizade e de felicidade no passado, celebrando o valor do perdão e da ignorância para aliviar as “dores” da realidade.

O momento mais marcante do filme é um diálogo aparentemente inofensivo entre o trio de protagonistas, que cumpre as expectativa e segura o filme com seus talento. Uma sequência cheia de lembranças e experiências dos ex-soldados quando eram mais jovens, que nos leva praticamente a um diálogo de bastidores, onde provavelmente houve uma grande dose de improviso. Assim como no momento em que o filme (que se passa em 2003), brinca com o advento da tecnologia e o “boom” dos celulares, já aparentemente tão distante.

“A Melhor Escolha”, segue a estrutura de “Road Movie” , enquanto abusa do trio principal para segurar o interesse do espectador. Entre algumas inconstâncias, o longa tem uma quebra de ritmo no segundo ato, e demonstra dificuldade em levantar de forma natural o tema que marcou os personagens no passado, a tal punição para Doc.

Enfim, em “A Melhor Escolha”, Richard Linklater estranhamente consegue captar certa beleza na tristeza e nos emocionar de forma palatina até deixar um sentimento de vazio e reflexão num final que demonstra que a jornada é mais importante do que a conclusão dela. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo.