E chegamos ao aguardado remake de KickBoxer: O Desafio do Dragão, um clássico para os fãs de ação, lançado em 1989 e um dos filmes que ajudou a construir a fama de Jean Claude Van Damme no mundo inteiro. Sabemos que a época não é mais a mesma, Van Damme já não é mais o astro do momento, filmes de pancadaria crua já não fazem mais tanto sucesso (infelizmente, agora é preciso ter fantasias ou raios para conquistar o público), mas ainda é bom ver gente tentando fazer filmes de luta apenas pelo prazer de ver um bom e empolgante mano a mano, à moda antiga…
No filme, Kurt Sloan (Alain Moussi) e seu irmão, David Sloan (Darren Shahlavi), são campeões de uma dinastia de lutadores na Califórnia. Após vencer um campeonato mundial, David é atraído por uma sombria produtora para lutar sem regras em Hong Kong. Quando David morre, Kurt, com a ajuda de Durand (Jean-Claude Van Damme), ex-treinador de David, decide dominar as artes marciais para combater Tong Po (Dave Bautista), lutador que assassinou seu irmão.
O filme começa com uma cena que lembra muito os vídeo games dos anos 90, tanto os de aventura com um corredor de lutas no estilo Final Fight, quanto os apenas de luta mesmo como Mortal Kombat. Apesar de não ser tão carismático quanto era Van Damme na época, Alain Moussi se sai melhor do que esperávamos, faz um basicão bem feito, luta bem, e você percebe que ele se dedica ao filme.
E por falar em Jean Claude Van Damme, ele também está no filme, como o mestre de Muay Thai de Kurt, e tem uma participação maior do que parecia, o equivalente a um mestre “Miyagi” do filme, um coadjuvante que está sempre presente.
Também logo de início descobrimos que a Tailândia tem mais estrangeiros do que tailandeses rs, afinal o maior mestre de Muay Thai de lá é esse europeu (a nacionalidade do Van Damme não fica muito clara), que ensina um Muay Thai meio misturado com KickBoxer, e o filme até tira sarro disso em sua apresentação. Na verdade, pelo menos inicialmente o mestre seria Tony Jaa (Ong Bak), que teve problemas de agenda, mas com certeza faria mais sentido. Também tem a questão de o maior lutador de Muay Thai, na terra do Muay Thai, não ser tailandês (ou pelo menos é meio difícil acreditar que o Dave Bautista seja rs).
Nessa linha, o filme tem uma série de furos e cenas sem justificativa, somente para mostrar algumas sequências de luta. Como uma fantasiosa fuga de prisão, que nem é tão boa e personagens sem razão de existir, caso da Gina Carano, muito mal aproveitada, que não entendemos o que faz ou porque. E não podemos deixar de falar daquele clássico romance desnecessário (problema das produções mais caras e das mais baratas).
O roteiro é bem simples, e se assumir assim é uma vantagem. Com algumas adaptações e acréscimos em relação ao original. A principal diferença é que eles optam por contar a história da derrota do irmão de Kurt de uma forma não linear, através flash backs e o destino dele também é diferente, algo que funciona para atualizar o filme. Já a apresentação de Tong Po é um pouco mais enfeitada do que no original, e confesso que por isso mesmo, não tão interessante. Aquela cena do Tong Po treinando suas caneladas numa coluna de cimento (que até tem uma homenagem aqui), era espetacular porque víamos o medo do personagem do Van Damme e ficávamos com medo também, ali já se formava um vilão pesado, de poucas palavras e que lembramos até hoje. Nesse filme Tong Po é imponente, sem dúvidas. Luta bem, sem dúvidas… mas tem uma aura meio forçada, cheio de seguidores, quase como uma seita, não é aquele cara misterioso que nos acostumamos.
KickBoxer: Vengeance é bem fotografado e consegue captar bem as coreografias de luta. Aí está o grande trunfo do filme, com muitos especialistas em artes marciais envolvidos ficou claro que cada um acrescentou seu próprio toque, o que torna os combates extremamente divertidos. O curioso é que o destaque fica para as cenas que tem Jean Claude Van Damme, em ótima forma para a idade (56 anos), como a luta para aceitar Kurt como aluno e um ótimo confronto com George ST Pierre. A participação dos atletas profissionais do UFC, (que irá aumentar no próximo filme), também é um bom atrativo, com Caín Velasquez, Fabrício Werdum e o próprio George ST Pierre que já está seguindo carreira, eles conseguem acrescentar personalidade as lutas.
Outro destaque são as cenas de treinamento, que fazem um grande apanhado de treinamentos criativos que já vimos em filmes como Rocky ou Karatê Kid, com direito a uma piadinha genial sobre a importância de saber fazer uma super abertura de pernas (o famoso split do Van Damme).
Enfim, é preciso relevar algumas coisas de KickBoxer: Vengeance, porque afinal não estamos falando de um longa com orçamento gigantesco. É um filme que assim como tantos outros que têm sido lançados direto em DVD se propõe a suprir a necessidade de fãs de ação clássica (como eu inclusive rs), que gostam de ver um mano a mano, e nisso KickBoxer é ótimo, em seu próprio estilo, sem tentar se adaptar ao estilo de luta mais “realista” dos sucessos de ação recentes como Bourne ou Busca Implacável, é apenas arte marcial pura com golpes bem marcados. Um grande “fan servisse” de artes marciais, com direito a uma cena pós- créditos engraçadíssima em homenagem a famosa e esquisita dança do Van Damme no filme de 1989 rs… Confira nossa Chuck Nota (e dancinha do Van Damme rs) logo abaixo …