Terror B americano feito na Rússia
Baseado em eventos reais, o terror conta a história de um grupo de voluntários que entra em uma densa floresta para resgatar um adolescente desaparecido. Nesse mesmo lugar, diversas pessoas sumiram nas últimas três décadas, e apenas alguns corpos foram encontrados, todos nus. A comunicação com a base fora da mata é interrompida misteriosamente. Sem sucesso na busca pelo jovem, eventos sobrenaturais acontecem e a equipe começa acreditar na lenda local que diz existir espíritos sombrios que levam as pessoas.
Muitos filmes de terror russos surgiram nos cinemas aqui do Brasil nos últimos anos, um movimento interessante que abre os horizontes de quem gosta de cinema, e pode ter contato com linguagens cinematográficas diferentes. Porém, nem sempre o “diferente” significa bom – e nem sempre é tão diferente assim.
No caso de “A Viúva das Sombras”, sequer seria justo colocar os problemas do filme na conta do “cinema russo”, pois o filme não carrega um estilo muito diferente do que se vê habitualmente nos filmes americanos de baixo orçamento, lançados aos montes durante o ano (na realidade “pré – pandemia”, obviamente).
Certamente a sinopse te lembrou uma série de filmes, e a produção em si, também não faz questão de disfarçar suas inspirações. “A Bruxa de Blair”, “Pânico na Floresta”, “Floresta Maldita”, “A Maldição da Chorona”… poderíamos ficar horas citando filmes que foram misturados para culminar em “A Viúva das Sombras”, mas vamos nos ater ao fato de que o longa não emula bem nenhum deles (sendo alguns, originalmente, já de qualidade duvidosa).
O filme (curto como a maioria dos filmes do gênero), desperdiça seu pouco tempo tentando explicar tudo, o tempo inteiro. A maldição da floresta é explanada mais de uma vez, de formas diferentes, como se não já não fosse possível entender na primeira tentativa, e ao longo desse processo é muito fácil perder o interesse pelo longa. E por mais incrível e contraditório que isso possa parecer, mesmo com esse zelo pelas explicações “A Viúva das Sombras”, ainda é um filme confuso, desconjuntado e com decisões de montagem e fotografia, no mínimo estranhas, que te afastam do mistério proposto.
A grande maioria dos personagens em filmes de terror, eventualmente são descartáveis, mas quando você não consegue se importar com nenhum deles, certamente o roteiro falhou em desenvolvê-los. Existem dois personagens que são tão parecidos e indiferentes, que facilmente poderiam ser um só.
Claramente há uma intenção de fazer uma continuação ao final dessa história, o que é bastante normal, filmes de terror de baixo orçamento normalmente se pagam rapidamente e tem sequências baratas de produzir, mas essa pressa de colocar ganchos geralmente prejudica o desfecho desse tipo de longa e “A Viúva das Sombras”, não foge dessa tradição.
Enfim, é um falso documentário, para os fãs que decidem o que assistir num passeio pelo shopping e normalmente são atraídos por títulos de terror ou franquias já conhecidas. O problema, é que no contexto atual, mesmo esse público vai ficar mais seletivo na hora de passar pelo saguão dos cinemas e filmes como “A Viúva das Sombras”, podem ficar para (muito) depois.