Voltaram… mas será que pra ficar?
Nova adaptação cinematográfica da série policial Charlie’s Angels, sucesso na década de 1970. Sabina Wilson (Kristen Stewart), Jane Kano (Ella Balinska) e Elena Houghlin (Naomi Scott) embarcam numa perigosa missão global, a fim de impedir que um novo programa de energia se torne uma ameaça para humanidade.
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Bom, voltemos aos anos 2000, quando o remake de “As Panteras” (Charlie’s Angels) parecia uma das ideias mais legais da cultura pop. Com um elenco que transbordava carisma e beleza nas figuras de Cameron Diaz (“O Máskara”), Drew Barrymore (“Como se Fosse a Primeira Vez”) e Lucy Liu (“Kill Bill”), todas no auge de sua fama, escolhas certeiras na época. A trilha também ajudou, das Destiny’s Child (antigo grupo da Beyoncé), “Independent Woman” foi um sucesso. A estética sempre carregada (e porque não, um pouco machista rs) e os efeitos forçados da era pós Matrix, davam o tom de sátira do filme . O longa foi um sucesso no cinema, VHS e DVD, e rendeu uma continuação que naufragou, e pode ser lembrada pelos brasileiros apenas como a estréia de Rodrigo Santoro em Hollywood. Quase 20 anos se passaram, e a franquia está de volta, mas chega muito mais discreta do que os badalados filmes dos anos 2000. O mundo mudou e a franquia também.
O trio dessa vez é formado por uma estrela conhecida (e nem sempre muito querida) Kristen Stewart (“Crepúsculo”), uma candidata a estrela tentando se firmar, Naomi Scott (Aladdin) e uma completa desconhecida, Ella Balinska, um grupo que sofre com a falta de curiosidade do público em vê-las juntas.
No entanto, “As Panteras” não é a bomba que muitos esperavam, principalmente se comparado com outras promessas desse ano (que não foi dos melhores para o cinema).
O mais interessante da nova versão é que ela foi escrita e dirigida por uma mulher, uma mudança lógica que parece ser algo que combina mais com franquia, do que boa parte de onda de feminismo do cinema. Elizabeth Banks (“Power Rangers”) uma atriz basicamente de comédia, escreve seu primeiro roteiro e dirige seu segundo filme.
É uma grata surpresa descobrir que Elizabeth Banks não decidiu seguir o caminho de tantos reboots por aí e resolve de forma relativamente corajosa e leve as questões do reinício da franquia, ainda que mantenha o estilo de bobagens que fez do filme um sucesso nos anos 2000. Nunca se levar a sério é um lema que combina com “As Panteras” e, é difícil se armar contra um longa que está assumindo que não tem intenção de impressionar e sim de divertir.
A fórmula do filme é um equilíbrio entre ação e comédia, como em encarnações anteriores, Banks entende isso, mas não consegue alcançar o primeiro filme nesses aspectos, talvez pela diferença de elenco.
A ação é divertida, mas assim como nos filmes anteriores, tem problemas de edição que às vezes incomodam. São tão picotadas para esconder movimentos e dublês, que perdem o sentido em alguns momentos
O elenco se diverte, apesar de Kristen Stewart ter tentando uma carreira mais séria depois de “Crepúsculo”, ela parece um pouco mais confortável com o clima desse filme, tentando acrescentar um pouco de humor a persona historicamente monótona a quem ela foi associada. A personagem de Stewart é a mais desenvolvida e temos uma breve ideia de que ela é a esquisitona do grupo. A novatas Balinska e Scott funcionam bem, trazem alguma energia para personagens que tem menos background para entendermos.
Há algumas tentativas de Banks de trabalhar os temas de gênero. Embora ainda fique a impressão, talvez proposital, de que os homens subestimam as habilidades e a competência física das mulheres. Fatalmente, o trio também permanece conseguindo avançar em algumas coisas através da sua sensualidade (verdade seja dita, muito menos utilizada dessa vez). Banks tenta eliminar o fator “interesse amoroso” de “As Panteras” dando lugar a amizade entre a meninas, um dos acertos do longa, certamente.
Enfim, “As Panteras” consegue flutuar acima das desconfianças e trazer uma visão sólida do que seriam as espiãs hoje. É um passatempo nivelado com “As Panteras” (2000) e melhor do que “As Panteras Detonando” (2003), resta saber o quanto o público vai abraçar esse novo e “empoderado” trio do Charlie para futuras continuações… Confira nossa Chuck Nota, logo abaixo.