Em “Talvez Uma História de Amor”, um belo dia, Virgílio recebe em sua secretária eletrônica o recado de uma mulher, Clara, dizendo que o amava mas que precisava terminar com ele. Ao adeus repentino surge uma dúvida permanente: quem é Clara?
“Talvez Uma História de Amor”, é o cinema nacional tentando se aproximar das comédias românticas americanas sem qualquer medo de deixar isso claro ou escorregar para uma tendência tristonha do cinema nacional. Baseado no livro homônimo do francês Martin Page, o filme se esquiva do drama do fim do relacionamento, para abordar mais a importância da memória tanto da relação, quanto dos acontecimentos da vida.
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De início, o diretor estreante Rodrigo Bernardo, mostra talento numa construção rápida e eficiente do personagem Virgílio (Mateus Solano), em um conjunto de três cenas, entendemos como Virgílio é meticuloso, metódico e dá muito valor a sua rotina.
A boa atuação de Matheus Solano faz bastante diferença no resultado final do longa, sempre expressivo e carismático. Com um ou outro momento mais inspirado, sente-se falta de “sidekicks” interessantes, há um excesso de coadjuvantes com pouco tempo de tela, enquanto alguns com bom potencial ficam mal aproveitados, como o personagem do humorista Marco Luque.
A edição tenta confundir o espectador, mas às vezes ela mesma se confunde e planta mais migalhas que não pedimos, caso da explicação para o “perfeccionismo” de Virgílio, algo que não faz tanta diferença para o material final, e nos distrai, apenas.
Uma excelente fotografia equilibra as imagens com muita simetria, um recurso que é usado para mostrar como a vida do personagem é “quadrada”, não importa se o plano é aberto ou fechado, sempre há elementos equilibrando os dois lados. Destaque para algumas interessantes cenas de contraste de luz durante um “problema” de fornecimento de energia. Somado a isso, temos uma cuidadosa direção de arte, com aparelhos de tv e telefones antigos, roupas ultrapassadas que ilustram saborosamente o apego ao passado do personagem principal. O filme também trabalha bem a trilha sonora, com pinçadas que passam por Charlie Brown Jr e Earth Wind and Fire até Frank Sinatra.
Enfim, “Talvez uma História de Amor, tenta de forma ousada emular filmes como “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” (beeeem de longe, mas tenta), mas com soluções improváveis, que levam o longa propositalmente a meca de suas maiores inspirações, provando que aqui nessa história, talvez, o meio seja mais interessante do que o próprio desfecho. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.