Ser fã do cinema americano é algo perfeitamente normal, até porque a qualidade e o profissionalismo do tio Sam para filmes é incontestável. Mas experimentar outras visões, também não tem preço e, preciso confessar, não tenho feito muito isso, mas a nova produção francesa com Omar Sy (Os Intocáveis), chamou a atenção e acabou superando todas as expectativas.
No filme, Samuel (Omar Sy) vive uma vida sem laços ou responsabilidades à beira-mar no sul ensolarado da França, perto das pessoas que ama.
Até que uma ex-namorada o procura e deixa sob sua responsabilidade sua filha Glória, um bebê de poucos meses. Incapaz de cuidar de um bebê e determinado a devolver a criança à sua mãe, Samuel corre para Londres para tentar encontrá-la, sem sucesso. Oito anos depois, enquanto Samuel e Glória vivem em Londres e tornaram-se inseparáveis, a mãe de Glória volta em suas vidas para tentar recuperar sua filha.
No início o filme parece não ter nada de especial para oferecer, começa como uma grande sequência de comédia, onde nem todas as piadas funcionam e problemas de fotografia também ficam evidentes. Poderia ser explicado como uma versão menos produzida de sucessos da Sessão Tarde como Uma Babá Quase Perfeita, Três Solteirões e Um Bebê ou O Paizão. Mas não demora muito para que percebamos algumas diferenças fundamentais das duas escolas de cinema que vão te tocar de uma forma que você não imagina.
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No segundo ato as coisas começam a engrenar e você passa a entender que não se trata de um filme simples, de um personagem inconsequente tentando ser pai e tomando um choque com a volta da mãe da criança (o que seria mesmo muito parecido com Três Solteirões e Um Bebê).
Apostando na casualidade para encontrar alguns elementos que sustentem toda a jornada improvável de pai e filha, o filme trabalha de forma muito sútil a relação de Samuel e sua inocente filha, Gloria. Todas as qualidades dessa relação ficam muito claras quando o filme acaba explicando a origem do comportamento “pai legal” que Samuel ostenta.
O longa tem uma série de plots twists que não são gratuitos. O retorno da mãe traz uma nova vertente dramática, que graças a ótima direção de Hugo Gélin (Comme des frères), passa longe de ser previsível. A edição é ótima e também contribui para a sensação de que você está nas mãos do diretor, sendo conduzido literalmente, o que te leva para emoções que você precisa acessar para curtir o filme. Recebemos muitas pistas que despertam seus sentimentos mais arrogantes sobre como é capaz de saber o desenrolar do filme, mas ele funciona como boa parte da vida, e acaba te surpreendendo com os caminhos que toma de repente. Uma tradução perfeita de como as coisas nunca são tão fáceis quanto parecem, e uma mensagem incrível e diferente do clichê sobre “aproveite o que é importante na vida”, aqui a lição é sobre como é importante ser altruísta e proporcionar lembranças felizes e marcantes para as pessoas que você gosta.
O elenco de forma geral, entrega muito bem as ondas e quebras da história, mas o astro francês, Omar Sy que já teve seus momentos em Hollywood (X-Men, Jurassic World, Inferno) retorna a língua materna ainda mais confiante e carismático, preenchendo a tela com o divertido e humano, Samuel, que tem tudo para entrar para a galeria dos melhores pais do cinema.
Enfim, um belo, concreto e simpático drama francês que mostra que ainda existem muitas muitas formas de se abordar os mesmos temas, e que ter uma boa história ainda é essencial e supera tudo, quando o assunto é cinema… Confira o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo. Estréia no Brasil em 29 de Junho.