Uma nova discussão sobre os limites das redes sociais é lançada com o ambicioso, O Círculo, estrelado por Emma Watson (a Hermione da franquia Harry Potter) e Tom Hanks.
No filme, “The Circle” é uma das empresas mais poderosas do planeta. Atuando no ramo da Internet, é responsável por conectar os e-mails dos usuários com suas atividades diárias, suas compras e outros detalhes de suas vidas privadas. Ao ser contratada, Mae Holland (Emma Watson) fica muito empolgada com possibilidade de estar perto das pessoas mais poderosas do mundo, mas logo ela percebe que seu papel lá dentro é muito diferente do que imaginava.
O Círculo, nos apresenta uma empresa/serviço que mistura Google, Facebook e Apple, em suas características mais conhecidas desde de usabilidade, até a forma como as empresas oferecem um “mundo mágico” aos seus colaboradores. Conceitualmente o longa tem potencial, mas a distopia mal costurada de uma vida exageradamente controlada pelas redes sociais – ao ponto da perseguição inexplicável de pessoas nas ruas – mostra furos incômodos e difíceis de engolir.
A discussão sobre os limites da exposição em redes sociais parece já bastante batida por aqui (apesar de não estar), em alguns momentos os argumentos chegam a ser infantis para o tema que se propõe a abordar. Com uma realidade desconexa demais, o filme passa longe de causar a reflexão sobre a vida na web que longas como Nerve: Um Jogo sem Regras (confira a crítica) nos trazem. Sem dar conta de apresentar uma viagem palpável pelas redes sociais, o filme ainda tenta abordar assuntos políticos genéricos, aparentemente acrescentados para dar volume ao fraco roteiro.
A montagem e direção são extremamente confusas, fazendo O Círculo lembrar um especial de tv ruim. Com excesso de plots e cenas desnecessárias sem conexão entre elas, uma mistura que chega a colocar em dúvida sua própria mensagem principal. Ainda sob a batuta de uma trilha sonora monótona e cansativa, o roteiro trata de tornar as relações pessoais dúbias, em cima das mudanças de personalidade refletidas em comportamentos da web, um conceito interessante jogado pela janela, quando resolvem absorver uma vontade inexplicável de ser um “filme investigativo”
Emma Watson bastante decepciona e mostra aqui a mesma falta de desenvoltura de A Bela e a Fera (relembre nossa crítica), com a diferença de que dessa vez a personagem não pode se esconder atrás de uma história já pré-aprovada pelo público. Mae (Emma Watson), tem uma ascensão de conto de fadas dentro da gigantesca empresa, enquanto Emma Watson mantém tons muito parecidos para situações de mudança extrema. O sempre respeitável Tom Hanks, surge pouco inspirado e atuando no automático, num personagem que nada mais é do que uma versão mais simpática de Steve Jobs. Mesmo o personagem de John Boyega (Star Wars: O Despertar da Força), que a principio é o mais interessante do filme, sem nenhum rodeio entrega a virada do longa numa quebra brusca da aparente construção de suspense.
Enfim, com um final incoerente com as ações da protagonista, O Círculo apresenta uma proposta catastrofista que ignora uma lei básica sobre as redes sociais. Apesar de elas parecerem indispensáveis no mundo de hoje, as redes sociais não são obrigatórias, as pessoas ainda podem escolher participar ou não, fato que o filme comodamente tenta esquecer. Sua construção é mais fictícia do que O Exterminador do Futuro, a grande diferença, é que esse último se assume como uma ficção científica, é criativo, inovador e entrega de forma perfeita tudo que propõe, qualidades que passam mais longe de O Círculo, do que seu próprio mundo passa da realidade… Confira o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo.