Se você nos acompanha constantemente, já deve ter cansado de ler algo parecido com isso “O filme que carrega o peso de ser a unanimidade do universo DC”, era assim que víamos Mulher – Maravilha, e para nossa alegria, o longa é um alívio, um acerto com “A” maiúsculo que deve mesmo cumprir o papel de agradar a gregos e troianos (finalmente).
No filme, antes de tornar-se Mulher-Maravilha, ela era Diana, princesa das Amazonas e treinada para ser uma guerreira invencível. Diana descobre que um grande conflito assola o mundo quando um piloto americano cai com seu avião nas areias da costa. Convencida de que é capaz de vencer a ameaça de destruição, Diana deixa a ilha. Lutando lado a lado com homens numa guerra que pretende acabar de vez com todas as guerras, ela vai descobrir todos os seus poderes… e seu verdadeiro destino.
Mulher – Maravilha começa com uma ótima solução para voltar ao passado e contar a história de Diana. Pelo prólogo de introdução você já sente algumas diferenças interessantes dos filmes anteriores desse universo, no que diz respeito a tom e até mesmo paleta de cores, que é menos “triste”. Ali também vemos que o filme não pretende perder muito tempo com o que você não precisa entender profundamente. O roteiro não tem gorduras, não fica tentando absorver milhões de histórias, é um filme de origem, com dois personagens centrais, ponto.
A primeira metade tem uma pegada mais humorada, com piadas bem sacadas sobre a adaptação da amazona ao “mundo exterior”, e aos poucos leva para uma transição para o drama e compreensão da personagem sobre o mundo em que ela está inserida.
É um filme de origem competente, mas que já assume o posto de “filme de transição”. Ao contrário do que se pensava, o longa não fica levantando uma bandeira feminista exagerada, e tratando os homens como imbecis, como outros filmes do “empoderamento” fizeram (sabemos o que deu, não é Caça – Fantasmas?), sim, há uma valorização da figura feminina da heroína, mas de forma muito orgânica. Assim como são, abordados temas também espinhosos com pequenas agulhadas, como é o caso do racismo e as lógicas distorcidas da natureza humana.
Entre pinceladas históricas sobre a Primeira Guerra Mundial e até uma homenagem classuda ao Superman de Christopher Reever, existem tímidas menções aos universo DC do cinema, o que não conota nenhuma vergonha dos filmes anteriores, pelo contrário, é bastante coerente com uma história de origem em épocas totalmente opostas.
Sob o argumento do por vezes injustiçado Zack Snyder, a diretora Patty Jenkins (Monster: Desejo Assassino) mostra que entende a personagem, comandando cenas de ação surpreendentemente bem planejadas e de coreografias invejáveis, que abusam um pouco da câmera lenta (escola Snyder), mas trazem uma imersão incrível, principalmente no confronto final, que é tão grandioso quanto deve ser, e ao mesmo tempo bastante “limpo” do ponto de vista de filmagem. Sequências que ornamentadas com a trilha sonora de Rupert Gregson-Williams, que aproveita a grandiosidade da Mulher – Maravilha para fazê-la ainda mais imponente em tela.
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O filme escorrega na montagem, que as vezes esquece um pouco da lógica dos acontecimentos, ou mesmo o deslocamento físico da Mulher – Maravilha. Os “vilões”, também parecem ter ficado “pela metade” e deixam muitas pontas soltas, detalhes que você tem que subentender, mas que não tem pistas no longa. Personagens que são num primeiro momento interessantes, mas sem qualquer base que os explique com o passar do tempo.
Porém, um dos melhores pontos do filme está no elenco, e eu não vou te surpreender com nenhum coadjuvante, é da Gal Gadot mesmo que estou falando. A israelense está excelente como a heroína maior da DC, calando todos os críticos de sua escolha (e confesso me incluir entre eles), a atriz faz uma ótima construção de personagem, balanceia certa ingenuidade da amazona que viveu escondida por anos, com a imponência e sensualidade natural dela. Gal Gadot se agiganta na tela e conquista corações (literalmente), muito disso se deve ao também excelente Chris Pine (Star Trek), que entende com clareza o espaço de Steve Trevor na história e representa o espectador lá dentro, como um cara confuso, apaixonado e ao mesmo tempo curioso sobre a Mulher – Maravilha. A dinâmica dos dois é inacreditavelmente agradável de se ver, as piadas funcionam, todas elas, mesmo as que parecem mais forçadas. O casal se combina em cena e completa as necessidades um do outro, algo que já teria funcionado sem a necessidade da consumação de um romance entre Trevor e Diana.
Enfim, Mulher – Maravilha é a Warner DC mostrando maturidade, aprendendo com os erros (que não foram tantos quanto dizem), e ainda mantendo diferenciais importantes, como dar peso aos acontecimentos e ser desprendida, coisa que os outros universos de heróis do cinema ainda tem muito medo de fazer. A nova empreitada de DC chega otimista, com personalidade e vestindo a camisa dos filmes de quadrinhos com orgulho, para assim, entregar aquele que é de longe, o filme mais equilibrado desse universo da Liga da Justiça… Confira o trailer e nossa Chuck Nota logo abaixo. OBS: O filme não tem cena pós créditos.