Guy Ritchie apresenta a sua aguardada versão moderna da clássica história do Rei Arthur, porém o excesso de CGI e o tom megalomaníaco vão tirando parte da empolgação aos poucos, enquanto o filme vai se mostrando cada vez mais indeciso entre pegar um público pré-adolescente que curte Transformers, ou o público mais ligado a fantasias como Game of Thrones.
No longa, quando o pai do jovem Arthur é assassinado, Vortigern (Jude Law), seu tio, se apodera da coroa. Sem ter o que é seu por direito de nascimento e sem ideia de quem realmente é, Arthur cresce do jeito mais difícil nos becos da cidade. Mas, assim que ele remove a espada da pedra, sua vida muda completamente e ele é forçado a descobrir seu verdadeiro legado.
Rei Arthur – A Lenda da Espada aposta muitas fichas na fantasia logo no prólogo, repleto de cenas criadas digitalmente, que se estendem durante todo o filme, desestimulando quem espera efeitos práticos e coreografias reais. Apesar de terem certa criatividade, os mais simples embates, e até mesmo algumas cenas quase estáticas são claramente feitas em animação, sem um mínimo de energia. O longa tem um pé enorme nos vídeo games, se inspira muito em títulos que seguem essa linha de fantasia medieval como God Of Wars, e isso pode ser visto principalmente nas sequências de batalhas com seus combos (combos , literalmente) e demonstrações exageradas de poder da Excalibur.
Ainda falando sobre esse viés mais digital do longa de Guy Ritchie, em entrevista recente, Charlie Hunnam afirmou já ter se machucado muito durante filmagens, o que com certeza não aconteceu nessa nova versão do Rei Arthur, já que ele parece ter gravado apenas alguns diálogos e poses (repetidas, diga-se de passagem). Por falar em repetitivo, o Vortigen de Jude Law é extremamente previsível, um personagem construído de forma genérica em cima da tradição do irmão invejoso e do homem sedento por poder. Ao final a atuação mais lembrada será a ponta do ex-jogador de futebol, David Beckham.
Rei Arthur – A Lenda da Espada tem seu principal mérito, justamente, em não tentar desenvolver a lenda por completo, focando mais na ideia de crescimento do Rei Arthur, é como um Rei Arthur Begins, com várias sequências de treinamento e preparo ao melhor estilo Rocky Balboa ou treinamento do Batman. Apesar de pensar em continuações, tem de se dizer que o filme não deixa grandes pontas soltas para isso, é até bem fechado em sua primeira história, exceto por explicações sobre a equipe de confiança do pai do rei, que ressurge no filme de uma forma um pouco grosseira ao roteiro, com o único intuito de fazer Arthur crescer como guerreiro, um incômodo atalho para chegar ao seu ápice. Outro ponto bem desenvolvido é a personalidade mais “malandra” do personagem principal, através de sua criação direcionada para a “sobrevivência”, ainda que relute menos ao papel de herói do que o esperado.
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Guy Ritchie infelizmente mostra menos personalidade aqui do que habitualmente, talvez tendo que se render a pressões de estúdio, os traços mais reconhecíveis do diretor estão presentes na ritmada sequência que mostra Arthur crescendo nas ruas de Inglaterra, com uma montagem típica e alucinante, ao estilo vídeo clipe, que faz falta ao restante do filme.
Enfim, Rei Arthur – A Lenda da Espada melhora no terceiro ato, e deixa até alguns easter eggs bastante simpáticos ao público, uma pena que a essa altura as escolhas equivocadas e pouco justificadas do longa causem estranheza suficiente para que você não consiga se concentrar em algumas ideias de fato interessantes que vieram com essa nova versão. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo…