Um Estado de Liberdade, poderia ser apenas mais um filme sobre a guerra civil americana, se não chegasse em um momento coincidentemente tão apropriado, onde se discute a eleição de um presidente americano tido como racista.
O longa conta a história do agricultor sulista Newt Knight e sua rebelião armada contra a Confederação. Unindo-se junto com outros pequenos agricultores e com a ajuda de escravos locais, Knight lançou uma revolta que levou o Condado de Jones, no Mississipi, a se separar da Confederação e a criar o Estado Livre de Jones.
O filme começa com um vislumbre das ideologias de Newt, quando após um revés com um de seus companheiros e cenas forte dos horrores da guera (aliás a produção não economiza nelas), ele percebe que está numa guerra que não lhe pertence e, que talvez, nem devesse existir. Essas ideologias são mais detalhadas a frente, quando o ótimo Matthew McConaughey consegue entregar sua personificação de heroísmo e drama para Newt. Aqui vale uma nota, do quanto é surpreendente acompanhar a evolução de Matthew como ator e suas escolhas cada vez mais complexas. Ele que inclusive andou negociando para um próximo filme da Marvel (leia aqui).
Ainda sobre o elenco, de forma geral, ele entrega tudo que os personagens precisam nos devidos pontos da história. Destaque para o escravo Moses, vivido por Mahershala Ali (série Luke Cage), que evolui durante o filme num paralelo interessante sobre a fase de escravidão.
Um Estado de Liberdade tem uma direção de arte extremamente competente, principalmente, ao reproduzir objetos ligados a escravidão, os detalhes importantes de vestuário também não escapam do pente fino. Para um filme de época, e com a quantidade de história que pretende abordar, ele não é longo, sob a batuta de Gary Ross (Jogos Vorazes), consegue manter bom ritmo até a metade do filme. O grande problema de Um Estado de Liberdade é, justamente, quando o filme se aproxima da metade e tenta dar um passo maior que o necessário, ao invés de focar em sua base principal. O longa passa pela guerra civil, libertação dos escravos, início da Ku Klux Klan, o principio do direito ao voto e até por uma história paralela no futuro, extremamente desnecessária, sobre um casamento interracial. Algo que só faz confundir o espectador. Entre esse emaranhado de plots, Um Estado de Liberdade perde ritmo e vê sua contextualização se tornar uma inimiga.
Enfim, amparado por uma boa edição de som, Um Estado de Liberdade entrega um filme de ação respeitável quando de se propõe a isso, com cenas bem planejadas e um Newt carismático, além de flertar bem com o “indispensável” romance entre Newt e a escrava Rachel, rechado de tons de drama interracial. Confira nossa Chuck Nota e o trailer, logo abaixo…