Quatro anos depois, o segundo filme de Jack Reacher, baseado no décimo oitavo livro da série (não tente entender rs), traz Tom Cruise para sua área mais confortável ultimamente, a ação. Nos últimos anos o astro tem emplacado um sucesso atrás do outro como No Limite do Amanhã, Jack Reacher e Missão Impossível 5 (confira a crítica aqui), e isso diz muito sobre como ele consegue segurar um filme, mesmo que este não entregue tudo o que se espera.

Em Jack Reacher: Sem Retorno, Jack (Tom Cruise) retorna à base militar que ele serviu na Virgínia, onde pretende encontrar a comandante local Susan Turner (Cobie Smulders). Chegando lá, descobre que ela foi presa por traição. Mas, sabendo que a major é inocente, ele assume a missão de resgatá-la e descobrir a verdade por trás de uma grande conspiração do governo. Na corrida como fugitivos da lei, Reacher descobre um potencial segredo de seu passado, que poderia mudar a sua vida.

Dessa vez, Jack Reacher tem que lidar com novos problemas, há o surgimento de uma provável filha, que pode mudar seu modo nômade de viver a vida, e a simples possibilidade parece interessante para a narrativa. Quando vemos a relação em si, ela esbarra em uma ou outra piada com adolescentes e não vai muito a frente disso. Apesar de ser meio batido, sentimos falta do filme aproveitar para explorar mais a forma como as gerações lidam com tecnologia e as mudanças de comportamento, principalmente quando se fala de um personagem tão isolado como Jack Reacher, realmente poderia render algumas situações naturalmente divertidas. Essa trama com a filha tem uma série de furos, desde o início, que respigam na construção da fuga dos personagens de Tom Cruise e Colbie Smulders, ainda que não afete profundamente o filme. Em meio a isso o roteiro consegue amarrar uma trama de conspiração em alta cúpula não muito nova, mas redonda o suficiente para entreter o público quando assimilada a ação. jr2-07282rlc

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Jack Reacher: Sem Retorno tem todo o tipo de clichê de ação, e isso não é ruim, pois eles vem nos momentos em que nossa percepção espera. Fábricas abandonadas, lutas em becos sem saída, saltos de prédios e por aí vai, são bem vindos, quando queremos vê-los. As cenas são bem filmadas, você acredita na ação, acredita no que o Jack está fazendo ali em tela e, principalmente, acredita no peso delas, algo que fica muito claro com a solução encontrada para a luta final. O espectador passa o filme inteiro esperando por um luta de soldados top de linha, com um menu de habilidades fora do comum e o filme, de repente, te coloca em uma situação muito mais realista e criativa para encerrar o embate.

Enquanto falta um pouco de força ao vilão, para combater em carisma com o protagonista, sobra personalidade ao filme para evitar que Jack Reacher seja empurrado para um interesse amoroso, daqueles que parem cenas de ação para um beijo, por exemplo. Não, Jack Reacher, ele não precisa viver com isso, ele pode estar com uma mulher durante o filme inteiro sem que isso vire um romance nos momentos mais inacreditáveis.

Assim como o personagem, Tom Cruise é definitivamente um astro do tipo “exército de um homem só”, sempre muito carismático ele consegue segurar um filme, prender a atenção por si só, e por mais folclórica que já tenha virado essa história dele não usar dublês, não há dúvidas de que é muito mais divertido acompanhar os cortes possíveis com um ator em cena, do que aquelas câmeras afastadas para não mostrar dublês. Colbie Smulder (Os Vingadores), nem sempre consegue convencer como uma comandante durona, mas não compromete, assim como a Danika Yarosh que se esforça para interagir com Tom Cruise.

jr2-05861rlcA parte técnica oscila e, é possível perceber a diferença de direção entre Chritopher McQuire (Missão Impossível: Nação Secreta) do primeiro filme, para o trabalho de Edward Zwick (Diamante de Sangue). Este novo diretor não tem o mesmo capricho com alguns aspectos importantes de um filme de ação, como a edição de som que as vezes não acompanha o peso das cenas, não fica bem mixada com trilha sonora que também surge muitas vezes durante o filme.

Enfim, Jack Reacher: Sem Retorno, é a primeira continuação em que Tom Cruise embarca, e se não é um filme tão intenso, eletrizante e encorpado quanto o primeiro, também não decepciona quem vai assistir esperando ver um Tom , inexplicavelmente, cada dia em melhor forma e mais dono de seus filmes. Jack Reacher mostra a capacidade de Tom Cruise, e Tom Cruise eleva a capacidade de Jack Reacher. Confira nossa Chuck Nota, logo abaixo…

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