Lançamento: 24/11/2016
Vindo de um hype gigantesco, que nasceu entre os críticos que viram o filme em festivais, A Chegada já aterriza por aqui com status de candidato a Oscar e com a boa vontade da mídia especializada. Porém, nem toda a presunção de A Chegada o transforma num filme que efetivamente possa arrebatar o público como tem sido vendido.
Em A Chegada, quando misteriosas naves espaciais aterrissam em todo o mundo, uma equipe de elite – liderada pela linguista Louise Banks (Amy Adams) – é reunida para investigar. Enquanto a humanidade hesita à beira de uma guerra mundial, Banks e sua equipe correm contra o tempo em busca de respostas – e para encontrá-las, ela terá de se arriscar colocando em perigo a própria vida e, muito possivelmente, a do resto da humanidade.
O filme sem dúvida mostra coragem ao fugir da abordagem mais tradicional de Sci-Fi. A forma como o roteiro trata de aprendizado e conceitos de teoria da comunicação (emissor, código, mensagem e receptor), apresentam algo de original ao publico do gênero. Outro acerto é mostrar um visual longe do convencional para os E.Ts e espaço naves, numa versão que não se assemelha a humanos ou animais, parece a mistura de um pé humano com o tronco de uma árvore (é isso mesmo rs…), um design que choca no primeiro momento, por ser diferente, mas tem um conceito interessantíssimo. Tal como as naves, que são chamadas de conchas no filme, por motivos óbvios.
Apesar de mostrar uma invasão mais democrática (a história toda não acontece só nos Estados Unidos), A Chegada também tem uma inevitável faísca nacionalista, que coloca os restante do mundo como intransigente, enquanto os americanos tentam buscar soluções pacificadoras e razoáveis (pelo menos os protagonistas).
A fotografia emula o estilo contemplativo de Terrence Malick (A Árvore da Vida), e combina com o propósito de reflexão a que o filme se propõe no início. Ainda que em uma escala bem menor, outro aspecto que Denis Villeneuve (Os Suspeitos) traz de Terrence Malick é a sonolência de seus filmes, quando você realmente se interessar por alguns aspectos da história, eles terão seu ritmo amenizado para que a “complexa” trama seja melhor compreendida ou até mesmo, para que você, assim como os personagens, simplesmente pare observar as belas imagens.
A montagem não linear que faz um paralelo de como os aliens enxergam a passagem de tempo (os desse filme), confunde e não traz grandes surpresas, promete uma grande virada o tempo todo que não vem. Da metade para o final, quando se começa a entender as reais intenções do filme, também se percebe que ele não sabe como entregar a expectativa que criou. Nesse momento, comparações com Interstellar são inevitáveis, até porque o estilo Christopher Nolan é outra referência clara de Dennis Villeneuve, mas na obra de Christopher Nolan há uma preocupação maior com o potencial blockbuster que ele tem em mãos, um apuro técnico com o olhar comercial que falta a Villeneuve.
A ótima atuação de Amy Adams (Trapaça) é um dos pontos mais positivos do filme, Amy mostra a habitual competência e conduz o filme para a grandeza que ele precisa, sem precisar de “escadas”, enquanto Jeremmy Renner (Guerra ao Terror) e Forest Whitaker (O Último Rei da Escócia) se mantém numa linha mais regular, que não compromete.
Enfim, tecnicamente, A Chegada é digno de elogios, mas como entretenimento é decepcionante. Apesar do forte lançamento em circuito comercial, infelizmente, parece um filme feito para críticos e Oscar, quando claramente tinha potencial para encontrar o equilíbrio e, também trazer boas horas ao público “comum”. Para forçar um final sem arestas, o filme empurra uma resolução tão impalpável, quanto infantil. A proposta de reflexão vem de uma forma frágil, mal acabada, apenas impacto por impacto. Assistir A Chegada, é como ver um daqueles quadros simplistas (“simplista”, bem diferente de minimalista), que tem muito mais conceitos na mente do autor do que ele efetivamente conseguiu executar na pintura… Confira nossa Chuck Nota, logo abaixo…