Estréia: 14/07/2016
Há anos e anos um novo Caça-Fantasmas está nos planos da Sony, e sejamos justos, eles sempre quiseram dar continuidade e usar os atores da franquia original (mesmo que para passar o bastão). Porém, enquanto todos topavam de olhos fechados, o turrão Bill Murray insistia em não fazer parte do projeto. Após a morte de Harold Hamis (da equipe original) e cansada de tentar, a Sony aceitou a polêmica ideia de mudar o gênero dos Caça-Fantasmas e reiniciar a franquia, ao contrário do que se esperava, se há problemas no filme, um deles não é o fato de as caça-fantasmas serem mulheres.
Em Caça – Fantasmas atualmente uma respeitada professora da Universidade de Columbia, Erin Gilbert (Kristen Wiig) escreveu anos atrás um livro sobre fantasmas em parceria com a colega Abby Yates (Melissa McCarthy). A obra cai na internet e de repente é descoberta pela universidade e Erin é demitida. Quando as amigas presenciam estranhos eventos numa casa “mal assombrada” Erin e Abby se juntam a Jillian Holtzmann (Kate McKinnon) e Patty Tollan (Leslie Jones) para começar sua caça.
A nova versão de Caça- Fantasmas traz um ótimo elenco, recheado de atrizes carismáticas. Um time de comediantes inspiradas, em sua maioria vindas do tradicional programa Saturday Night Live. Melissa McCarthy (A Espiã que Sabia de Menos) como de costume rouba as atenções com seu estilo muito próprio de fazer a comédia desbocada. Porém, as desconhecidas não ficam para trás, a bela Kate McKinnon traz um ar Nerd e divertido a sua personagem, enquanto Leslie Jones assume todos os esteriótipos clássicos da mulher negra americana para acertar ótimas piadas (que devem lhe render críticas de racismo por parte dos patrulheiros do politicamente correto). Por incrível que pareça, quem não consegue se encontrar no filme é Kristen Wiig (Missão Madrinha de Casamento), meio deslocada e desconfortável com a personagem. Já Chris Hemsworth (Thor), sem tantos recursos tenta entrar na brincadeira e inverter totalmente sua persona do galã de postura confiante, para viver um personagem “bobalhão” e que perde o charme por causa das trapalhadas. Ele não compromete, parece se divertir saindo da seriedade do Thor e da maioria dos personagens que já fez.
O primeiro ato dá sinais de um filmaço, com direito a pitadas de terror muito bem elaboradas na primeira sequência. Boas ideias para todos os lados e com uma apresentação competente.
A comédia do filme oscila bastante, algumas sacadas dão muito certo, como a interação entre as moças que realmente rende boas risadas. Na mesma intensidade outras piadas não funcionam e deixam aquela sensação de vácuo nas cenas.
A história desse longa não considera a franquia original, em tese não há casos conhecidos de manifestações fantasmagóricas no mundo das mulheres Caça-Fantasmas e apesar de saber que as comparações com o filme original não são um bom negócio, o diretor Paul Feig (As Bem Armadas ) carrega nos “fan services” para conquistar a simpatia do publico original, e acaba as inseguranças do filme. Sempre que estamos tentando comprar o novo universo, surge um easter egg, um fantasma do filme clássico, acordes da trilha sonora original ou até uma participação especial dos atores do elenco dos anos 80 (exceto por Rick Moranis, todos fazem uma ponta) para nos lembrar que “hein, nós ainda somos aquela franquia que você tanto gosta”.
Um do melhores motivos para defender esse reinício é que a franquia Caça-Fantasmas merecia as novas tecnologias. O efeitos especiais são excelentes aqui, e assim como o original a preocupação não é o realismo, e sim a integração bem feita entre visões mais cartunescas e os atores reais. O 3D tem bons momentos de imersão, não é uma experiência acima da média e poderia ser mais utilizado, mas não decepciona.
Partindo para a segunda metade Caça-Fantasmas cai muito, perde ritmo e a história parece caminhar para os lados, não pra frente. Nesse momento o roteiro já não sabe se abraça a galhofa ou tenta dar umas pitadas mais Nerds ao contexto. O vilão é a grande prova disso, uma criação preguiçosa, não tem qualquer razão consistente para ser vilão e recorre para aquela solução batida do personagem “esquisito” que sofreu muito bulling, porém não somos apresentados a nada tão sério que o justifique.
A grandiosa sequência final que se vê nos trailers é um pouco decepcionante também, megalomaníaca e com excesso de C.G.I, o visual passa a ficar artificial demais e o momento parece ter sido mais pensado para impressionar pelos efeitos visuais do que pela diversão.
Enfim, Caça- Fantasmas tem um lado infantil bem construído e todo o seu conceito visual deve agradar os pequenos em cheio. Para os mais crescidos, em primeiro lugar, será preciso deixar o longa original de lado (apesar desse ficar te lembrando o tempo todo) e tentar se divertir com um filme que faz a sua lição de casa com respeito, sem provocar os fãs. Quando não está enrolado em suas próprias ideias Caça-Fantasmas diverte, traz boas sensações, com certeza não deve passar batido, pode até ser um sucesso de bilheteria e continuar esse processo de “feminização” de Hollywood… Mas dificilmente irá marcar uma geração e fazê-la falar dele por mais 30 anos… Confira nossa Chuck Nota logo abaixo.