Estréia: 16/06/2016
Essa próxima quinta- feira estréia o filme que promete ser a nova sensação dos romances adaptados de livros para o cinema, mas ao contrário de alguns de seus antecessores, Como Eu Era Antes de Você não é exatamente um romance “água com açúcar” focado em tirar choro dos mais sensíveis (apesar de ser funcionar bem para isso também).
Louisa “Lou” Clark (Emília Clarke) vive em uma pitoresca cidade do campo na Inglaterra. Sem direção certa em sua vida, a criativa e diferente garota de 26 anos vai de um emprego a outro para tentar ajudar sua família com as despesas. Seu jeito alegre, no entanto, é colocado à prova quando enfrenta o novo desafio de sua carreira.
Ao aceitar um trabalho no “castelo” da cidade, ela se torna cuidadora e acompanhante de Will Traynor (Sam Claflin), um banqueiro jovem e rico que se tornou cadeirante após um acidente ocorrido dois anos antes, mudando seu mundo dramaticamente em um piscar de olhos. Não mais uma alma aventureira, mas o agora cínico e decepcionado Will, está prestes a desistir. Isso até Lou ficar determinada a mostrar a ele que a vida vale ser vivida.
O filme inspirado no best seller de Jojo Moyes, e roteirizado pela mesma, traz nuances interessantes de criação dos personagens sem perder muito tempo com coadjuvantes, que são introduzidos pontualmente para que nos situemos no contexto do casal principal (casos o fisioterapeuta de Will e o namorado de Clark).
Somos apresentados ao “galã” Sam Claflin. Rico, descolado e cercado de mulheres bonitas… tudo é mostrado em apenas uma cena, a mesma que tem o acidente que dará o rumo da história. Assim também conhecemos Clark, em uma sequência assertiva que consegue identificar traços importantes da personalidade da personagem.
A direção aparentemente simples da quase estreante Thea Sharrock, tem alguns bons momentos, principalmente ao estabelecer a quebra de energias entre o casal (bom trabalho de fotografia), Clark sempre otimista e ingênua normalmente surge em cenários de cores mais vibrantes e luzes intensas, além de suas roupas sempre gritantes, enquanto propositalmente, Will Traynor está sempre vestido com cores mais sóbrias, e sua própria casa é repleta de cinza e cores frias, que conotam o momento mais desolado.
Porém falta ousadia para a diretora na hora de comandar a edição que poderia trazer um pouco mais de invencionismo e encorpar o clima de romance com pequenos detalhes, essa construção deixa a desejar em determinado momento para dar uma virada ligeiramente forçada.
Inicialmente o roteiro dá pistas de ser bastante previsível, mas acaba surpreendendo positivamente ao não optar por tendências mais óbvias, sem contar seu próprio desfecho, que ao menos para leigos sobre o livro soa como algo original. É bom dizer também, que quem não leu o livro não terá dificuldades com a trama (ouviram produtores de Warcraft?). Alguns bons diálogos também se destacam como a hilária visita de Will Traynor a família de Clark, e as situações constrangedoras que esse encontro causa.
É impossível não comparar o filme com o famoso longa francês Os Intocáveis, que trata de uma temática parecida porém voltada para a amizade. Talvez sabendo disso Jojo tenha colocado uma brincadeira com o fato da personagem de Emilia Clarke nunca ter visto filmes legendados e começar por um filme francês quase a força pelo patrão. Mas as menções param por ai, são propostas diferentes, inclusive de públicos diferentes.
O elenco traz Emlia Clarke, a Dayneres de Game Of Thrones como o principal chamariz. A esforçada atriz fica muito aquém do esperado quando a narrativa lhe exige emoção nos momentos dramáticos (chega a ser “estranho” vê-la chorar copiosamente) no entanto, é preciso ser justo, Emilia Clarke deve arrebatar o público mesmo com o lado cômico da personagem que ela desenvolve muito bem, em diversas camadas, e é de fato uma figura simpática com bons toques claros da atriz.
Já Sam Claflin, uma mistura de Henry Cavill (Homem de Aço) e Nicholas Hoult (o Fera do X-Men) definitivamente não consegue devolver com qualidade o drama e sofrimento do personagem, sempre mono expressivo, compromete o resultado final do longa. O filme inicialmente seria estrelado pelo ótimo Tom Hiddleston (o Loki da Marvel), que devido a agenda não pôde participar, mas teria feito uma diferença brutal a Como Eu Era Antes De Você. Outro de Game of Thrones que marca presença no elenco é Charles Dance, o eterno Twin Lannister, aqui vivendo o pai de Sam, mas sem muito espaço, fica mais como uma participação especial.
Enfim, Como Eu Era Antes de Você é um filme que deve gerar muitos rostos lavados de choro no cinema (ao menos foi assim na sessão para imprensa rs), e que tem por méritos narrativos não força-los de forma gratuita, apresentando um bom caminho para trabalhar filmes do gênero romance sem desprezar a inteligência do espectador, e confiar no gosto peculiar de adolescentes sentimentaloides. Há várias tentativas da trilha sonora de transformar cenas em momentos marcantes, daqueles que trarão lembrança afetiva ao escutar as músicas, se funcionará, só o tempo dirá, mas Como Eu Era Antes de Você já tem seu lugar facilmente garantido dentre os filmes mais dignos desse gênero nos últimos anos. Confira nossa Chuck Nota logo abaixo.