Estréia: 26/05/2016
Chega aos cinemas brasileiros a continuação de Alice no País das Maravilhas, um dos grandes sucessos produzidos pela Disney nos últimos anos (e o maior da carreira do diretor Tim Burton). O primeiro filme deixou alguns vestígios de críticas a sua estrutura (tanto da mídia quanto do público), felizmente assistir este segundo longa torna o primeiro um pouco melhor .
Em Alice Através do Espelho, Alice retorna ao fantástico País das Maravilhas e viaja no tempo para ajudar o Chapeleiro Maluco (Johnny Deep). Durante essa viagem acaba se deparando com o passado de personagens importantes para desvendar o quebra cabeças que poderá salvar o Chapeleiro
O filme conta com a experiência da roteirista Linda Woolverton (O Rei Leão, A Bela e a Fera, Malévola) para tentar reorganizar pontas soltas do primeiro longa, principalmente ao mostrar a origem de alguns personagens e deixar de lado algumas “gordurinhas” que invariavelmente causaram confusão no filme original.
Alice Através do Espelho trabalha com viagem do tempo, mas inteligentemente não cai na armadilha do “o que você faz no passado altera o futuro” ou “efeito borboleta”. O filme escolhe um caminho mais seguro, onde as coisas podem acontecer de formas diferente, mas o resultado final sempre será o mesmo.
Enquanto o clima de desolação do Chapeleiro convence graças ao excelente trabalho de Johnny Deep, sempre muito à vontade no mundo da fantasia (que se tornou um tipo de “zona de conforto” do ator), alguns personagens carismáticos do primeiro filme são praticamente esquecidos, caso dos gêmeos vividos por Matt Lucas, e toda sua trupe que cedem espaço para as inconstantes Rainhas Vermelha (Helena Bonham Carter) e Branca (Anne Hathaway). Neste sentido há um certo incomodo em acompanhar também a Alice interpretada por Mia Wasikowska (A Colina Escarlate), pois o fantástico mundo criado por Tim Burton no primeiro filme parece clamar por uma inocência e uma pureza que a atriz, já próxima dos 30 anos, não consegue entregar. Fato que obriga o longa a entrar numa seara que não condiz com sua proposta, que é a de contestar a solidez do mundo que Alice adotou para si e o qual real são suas “alucinações”.
O estreante Sacha Baron Cohen (Borat) chega a franquia com uma sensibilidade surpreendente ao interpretar”o Tempo”. Uma criatura parte humano, parte relógio (lembra o design de um certo personagem do Castelo Rá Tim Bum inclusive rs , mas isso não vem ao caso). Sasha Baron Cohen conhecido pelos satíricos Bruno e Borat prova sua versatilidade num personagem totalmente fantasioso, mas que mantém um tom sério e de ensinamentos em momentos distintos do filme, algo que Cohen entrega com a destreza de quem tem admiração pelo material original.
Pode se dizer tranquilamente que Alice Através do Espelho é uma das melhores experiências 3D dos últimos anos, num mar de lançamentos que te fazem usar o óculos apenas para cobrar ingressos mais caros, Alice Através do Espelho entrega de fato uma imersão. Repleto de profundida e texturas, principalmente nas viagens do tempo o filme faz o espectador se sentir dentro da aventura, e isso é impagável. Ainda nesse quesito os efeitos visuais novamente impressionam aliados ao criativo design de produção sempre bem costurado ao elenco real.
O diretor atual James Bobin tem um estilo mais formal e contido do que Tim Burton, mas mesmo assim mantém algumas extravagâncias do criativo diretor. A mixagem de som também é outra preciosidade do filme que sincroniza com naturalidade trilha sonora incidental e sons ambientes dos mais variados.
Enfim, Alice Através do Espelho tem o terceiro ato um pouco arrastado e previsível, o que tira força da narrativa, mas como de costume nas adaptações de contos da Disney (regra um pouco esquecida no primeiro filme) deixa lições e reflexões renovadoras, principalmente sobre o verdadeiro valor do tempo e a difícil aceitação dos finais de ciclos na vida. É um filme que termina para alto, deixa aquela sensação de “feel good movie”, essencial para um longa neste nível de fantasia. Confira a Chuck Nota logo abaixo…