Estréia:02/06/2016
Rock em Cabul traz Bill Murray em mais uma escolha diferente de sua carreira. Entre erros e acertos, não se pode negar que o ator por é sempre uma pedida que desperta curiosidade
Em Rock em Cabul, um empresário do rock decadente leva sua última e única cliente numa turnê da USO (United Services Organization, do exército dos EUA) pelo Afeganistão. Após se ver abandonado em Cabul, sem um centavo e sem seu passaporte, ele descobre uma jovem de uma pequena aldeia com uma voz extraordinária e decide representá-la na versão afegã do American Idol, o superpopular programa Afghan Star.
O filme parte de um potencial incrível, e se percebe isso logo pelo início com uma intrigante e divertida cena de audição para a “representação” do empresário. Uma cena engraçadíssima, levada pelas expressões impagáveis de Bill Murray e um paralelo muito inteligente sobre a busca incessante da fama nos dias de hoje, sem que os “candidatos” a isso tenham um mínimo de auto- crítica.
O filme, explora um lado menos glamouroso do mercado musical de uma forma irônica e satírica. Com referências sutis trabalha a invasão cultural norte-americana, mesmo em culturas notoriamente rivais, onde músicas que os americanos já não dão muita importância são tratadas como hits. Sentimos falta, inclusive, de um mergulho maior nessas diferenças, o personagem de Bill Murray é colocado em contato com essas situações pontualmente, algumas interações a mais teriam gerado muitas risadas.
Mesmo com essas boas ideias, o roteiro deixa a desejar, é mal desenvolvido e confuso. O filme parece procurar formas complicadas de chegar a um caminho óbvio e mais limpo. O encontro do empresário Lanz com a cantora afegã dá voltas e mais voltas com uma incomoda e desnecessária subplot de armamento. O diretor Barry Lenvison também não consegue acertar o tom de algumas piadas que dão a impressão de estarem incompletas mesmo com o esforço descomunal de Bill Murray. Assim como a participação de Bruce Willis, que oscila entre momento hilários e equivocados.
Enfim, Rock em Cabull é um filme que vale pelo fantástico Bill Murray, agora mais velho, com um olhar sempre muito característico e naturalmente engraçado, capaz de superar os problemas de narrativa para construir um carismático e picareta empresário decadente que nos deixa aquele ar curioso de “de onde ele veio e pra onde vai?”. Como é de se imaginar, a trilha sonora também é ótima (principalmente para quem curte anos 80 e 90), uma divertida viagem pelos estilos…. Confira nossa Chuck Nota logo abaixo…
