Estréia: 07/04/2016
Cercado de mistérios, de uma hora para outra Rua Cloverfield 10 se tornou um dos filmes mais aguardados do ano. Digo de uma hora pra outra porque boa parte das pessoas só ficou sabendo da existência do longa produzido po J.J. Abrams depois do primeiro trailer. Uma das melhores coisas das produções que tem o J.J envolvido é que os trailers não entregam o filme inteiro (apesar de um spot de Tv ter entregado um pouco a mais), e você chega a Cloiverfield 10 definitivamente sabendo muuuuito menos do acha que sabe.
No filme uma jovem (Mary Elizabeth Winstead) sofre um grave acidente de carro e acorda no porão de um desconhecido. O homem (John Goodman) diz ter salvado sua vida de um ataque químico que deixou o mundo inabitável, motivo pelo qual eles devem permanecer protegidos no local. Desconfiada da história, ela tenta descobrir um modo de se libertar — sob o risco de descobrir uma verdade muito mais perigosa do que seguir trancafiada no bunker.
O filme começa deixando a impressão de ser muito mais simples do que realmente é, instintivamente pensamos numa dessas histórias comuns de psicopatas, com gags visuais que lembram até Jogos Mortais, mas o desenrolar da narrativa se mostra estranhamente atraente e misterioso.
O clima é naturalmente tenso o tempo todo, os ótimos diálogos reforçam esse ambiente com a impressão de que atitudes mais explosivas podem acontecer a qualquer momento, porém boa parte delas acaba ficando na promessa, o só faz aumentar a incredulidade do espectador quando algo mais abrupto acontece.
Rua Cloverfield 10 mescla momentos de filme de terror com suspense que é efetivamente o gênero dele. A violência não é encaixada gratuitamente, está lá para nos instalar o medo desde os primeiros 10 minutos. A trilha sonora não é muito complexa, mas a equipe do jovem diretor Dan Trachtenberg sabe fazer a mixagem dos sons com competência.
A edição é um dos grandes trunfos de Rua Cloverfield 10, ágil e coerente nos tira do foco nos momentos certos para nos devolver ao que realmente interessa, reforçada por um fotografia muito direta, repleta de close-ups para mostrar a tensão nos rostos ou planos abertos para explorar os cenários da casa e nos fazer esperar por algo que raramente acontece.
O filme tem poucos personagens e apesar de Mary Elizabeth Winstead ser um tipo de musa entre os Nerds, quem domina de ponta a ponta é o “vilão” vivido por John Goodman. Lembra dele, o Fred Flinstone dos Flintstones de 1994, que tem Rick Moranis como Barney. John Goodman é um personagem meio paternal, meio psicopata que se mantém nesse delicioso meio termo até o final, acompanhando o próprio roteiro que é muito bem costurado até seus momentos derradeiros.
Enfim, para quem tem dúvida, de fato essa não é um continuação de Cloverfield, talvez a história se passe num mesmo “universo”, mas não fica muito claro. O filme entretêm com qualidade jogando com nossos sentidos até os momentos finais. Porém, o final é inacreditavelmente desleixado, fica uma impressão de que não sabiam como terminar a boa história construída até então, outra tese pode ser a de que fizeram o final mais solto como forma de auto- ironia, brincando com os caminhos inesperados que o filme toma… prefiro acreditar nessa segunda opção para gostar mais de Rua Cloverfield 10 rs. Confira nossa Chuck Nota logo abaixo.