Estréia: 10/03/2016
Baseado (não totalmente) numa história real, A Senhora da Van traz à tona uma bizarra e curiosa história num típico bairro da classe média inglesa. No filme, Mary Shepherd (Maggie Smith) é uma senhora idosa, que mora dentro de uma van. Devido aos seus hábitos pouco higiênicos, os moradores não gostam nem um pouco quando ela decide estacionar o carro próximo à sua casa, ela muda os “sorteados” de tempos em tempos. O único que a tolera é o escritor Alan Bennett (Alex Jennings), que permite que ela use seu banheiro de vez em quando. Após algum tempo, os moradores conseguem que a prefeitura proíba que qualquer carro fique estacionado no bairro. A intenção era que a sra. Shepherd deixasse o local, mas ela encontra uma saída quando Alan oferece que estacione na vaga existente em sua própria casa.
O próprio Alan Bennet, com quem ocorreu o fato, é quem assina o roteiro. Seu personagem narra a história sempre sobre dois ângulos, o de um escritor tímido e conformista e o de seu lado escondido que revela um escritor sarcástico e sempre bem analista.
A relação da senhora Shepherd com os vizinhos do local mostra uma das melhores sacadas do roteiro, fazer um contraponto bastante inteligente entre a pobreza quase extrema e um padrão de vida alto, ambos convivendo (forçadamente) num mesmo ambiente. Ao longo do filme, porém os temas mais espinhosos são claramente amenizados e conduzidos de forma leve para não torná-lo filme de intuito social/politico. A plot é interessante, e oferece um mar de possibilidades que oscilam bastante, principalmente no ponto em que percebemos que apesar de receber ajuda em alguns momentos, na verdade o vizinhos, incluindo o condescendente Alan querem mesmo é que a senhora suma de suas vidas, uma visão bastante comum de uma classe que não sabe e não quer conviver com o diferente.
Na parte técnica, destaque para a boa direção de arte e figurino que se sobressaem aos olhos em várias cenas, sempre muito caprichados e de cores encaixadas com cada momento do filme.
Os dois protagonista são a alma do filme e tem uma entrega realmente brilhante. Maggie Smith (saga Harry Potter) mostra a competência habitual e consegue construir uma personagem que pode ser tanto carismático, quanto minutos depois ser antipático para nós, as vezes também temos vontade de nos ver livre como os próprios personagens do filme. Já Alex Jenning (Babel) se coloca de uma forma inteligente como “organizador” da história e trabalha a dupla personalidade do escritor com toques de atuação diferenciados.
A Senhora da Van, é um filme bastante linear e as vezes beira o sonolento com seu ritmo cadenciado, poucas mudanças e um certo medo de construir o clima de suspense sobre a tal senhora. Há uma grande dificuldade nesta parte, já que ao mesmo tempo que sentimos certa curiosidade a respeito do personagem de Maggie Smith, também sentimos que não há muito interesse do filme em desvendar a senhora. Algumas respostas mais secas são entregues ao final, mas deixam aquele gosto de “era só isso”.
Enfim, há uma grande filosofia sobre gratidão e aceitação no longa que fica implícita o tempo todo, mas é importante para quem assiste e acaba não encontrando as sutilezas escondidas no roteiro… Confira nossa Chuck Nota logo abaixo…