Na sequência inicial temos o vislumbre de um filme tranquilo com a velha tomada aérea num drive-in, onde o casal dentro do carro aproveita o amor sob a luz de um filme projetado…Ledo engano, ao invés de romantismo o que se vê nessa na cena inicial é um clima ameaçador e sombrio com enquadramento de câmera dramático reforçado pela atuação simplesmente incrível de Woody Harrelson

A trama acompanha Russell (Christian Bale), um homem de classe média baixa que seguiu a “tradição da família” e trabalha em uma fábrica de aço, tem planos de viver tranquilamente e casar com sua namorada . Após se envolver num acidente automobilístico que mata uma criança, Russell é preso e, tempos depois, retoma a liberdade. O retorno para casa fica marcado pelo distanciamento de sua namorada e o fato do irmão caçula Rodney (Casey Affleck), não querer seguir os passos do pai e do irmão e trabalhar na fábrica. Para tanto ele se envolve com lutas clandestinas, onde pode ganhar um bom dinheiro mas também conseguir problemas dos quais não se livrará.
O diretor Scott Cooper (Coração Louco), foi responsável pelo primeiro Oscar de Jeff Bridges (Tron – O Legado), e neste filme mostra novamente que sabe valorizar a matéria prima que tem em mãos e possui capacidade para tirar o melhor de cada do ator, sem descuidar da amarração necessária para que eles brilhem.
O filme emula tratar sobre um pesado assunto americano , a volta do soldados do Iraque, mas acaba abandonando essa vertente em pró da narrativa principal ,a análise da “sede de justiça” da sociedade, que acaba culminando no chamado “olho por olho, dente por dente”. A trama toda acompanha história sofrida de Russel que em pouco menos de duas horas de filme passa por todo o tipo de provação possível num desenvolvimento lento e doloroso do personagem que deixa sua convicções de lado para dar vasão ao seu lado mais instintivo e furioso. Cada momento complicado pelo qual ele passa é argumentado de forma eficiente pelo roteiro comovente que leva o espectador a se identificar com a dor do personagem de Christian Bale.
O longa carrega uma narrativa sútil e previsível, o que não é mau, uma vez que , tudo que é necessário está no filme e justamente a sutileza imposta pelo diretor agrega o clima de tensão que permeia o filme do início ao fim.

O talento do ótimo elenco que conta com Zoe Saldana (Avatar), Willem DaFoe (Homem – Aranha), Forest Whitaker (O Ùltimo Rei da Escócia) pode ser representado no trio principal com atuações de Casey Affleck (Medo da Verdade), também conhecido como irmão do Ben Affleck, que surpreende ao imergir num personagem problemático de forma bastante convincente como o irmão mais famoso jamais conseguiu, já Christian Bale não surpreende mais , é um ator de primeiro escalão, que está longe de carregar o Batman para sempre nos ombros, entregando trabalhos fantásticos desde que aposentou seu manto negro. Para combater o talento de Christian Bale somente um talento tão agressivo quanto o dele, Woody Harrelson que logo na cena inicial trata de nos deixar chocados e continua ao longo do filme derramando medo por onde passa, um excelente ator que infelizmente não é tão popular do grande público, é o tipo que todos já viram , mas ninguém conhece.
Enfim , Tudo Por Justiça é um thriller de ação inteligente e extremante eficiente em sua proposta, que só escorrega em certo momento quando não se decide sobre quem é o protagonista da história, mas quando isso fica totalmente claro, o filme descamba para um final estrategicamente bem filmado que fecha com perfeição e coerência a trama de vingança e sofrimento vivida por Russel…Chuck Nota logo abaixo…



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