Judy é um retrato triste da decadência e culpa de Hollywood sobre a história de seus astros
Em 1968, com a carreira em baixa, Judy Garland (Renée Zellweger) aceita estrelar uma turnê em Londres, por mais que tal trabalho a mantenha afastada dos filhos menores. Ao chegar ela enfrenta a solidão e os conhecidos problemas com álcool e remédios, compensando o que deu errado em sua vida pessoal com a dedicação no palco.
- Arnold Schwarzenegger: De Exterminador a Governador
- Falcão e o Soldado Invernal: O Que Você Precisa Saber
- Em Um Bairro de Nova York: Ganha Trailer
- Oscar 2021 – Lista de Indicados
- Trailer Final de Falcão e o Soldado Invernal
“Judy: Muito Além do Arco-Íris”, mostra a típica cria de Hollywood, moldada na disciplina e na dor. Talento e tragédia andando lado a lado.
A história de Judy lembra o final de outras tragetórias do show business, como Michael Jackson e tantos outros. O filme foca coincidentemente num período de decadência, quando Judy aceita uma série de shows em Londres (onde ainda era aclamada), como último recurso para se sustentar.
Apesar de ser vendido como biográfico, o filme não aborda a carreira inteira de Judy Garland. Os breves flashbacks mostram a construção de uma estrela galgada em remédios (outra coincidência com Michael Jackson) para dormir, não dormir, não ter fome, enfim, uma verdadeira cria de Hollywood que paga um preço alto no fim de carreira.
Há algo de triste na forma como Rupert Goold (“A História Verdadeira”), filma Judy fora do palco, tal como na forma como deixa a energia tomar conta do filme no palco. Muitos closes mostram Judy Garland em seus únicos momentos de felicidade, apesar da pressão sofrida. No palco, há uma mistura de melancolia com explosão, causada pela raiva contida por Judy ao longo de anos sofrendo abusos na industria, e a necessidade de se manter ativa. É especialmente doloroso quando Judy reconhece após uma grande apresentação, que talvez não fosse capaz de repeti-la.
A interpretação de Renée Zellweger está para a temporada de premiações como a de Joaquin Phoenix (Coringa), praticamente uma unanimidade. Afastada dos holofotes há algum tempo, fica claro que a escolha do diretor por Renée Zellweger é certeira para fundir personagem e interprete em um sentimento, a exclusão das “rodas de Hollywood” (como a mesma reclamou no discurso do Globo de Ouro). O olhar perdido e a explosão tocante nos palcos trazem o talento de Renée Zellweger de volta ao foco como em seu auge, em filmes como Chicago ou Bridget Jones.
O roteiro não tenta maquiar os problemas de Judy Garland, sejam eles causados pela própria Judy ou pela crueldade da vida pública repleta exposição desde cedo. O longa fica um tanto instável nas abordagens da vida pessoal de Judy Garland, não consegue transparecer na mesma intensidade o impacto que sentimos em sua vida artística.
Enfim, “Judy – Muito Além do Arco-Íris”, é uma reverência a uma grande artista, com aquele sentimento de culpa que Hollywood carrega em suas várias facetas. A indústria que identifica as preferências do público, cria seus ídolos e os destrói com a mesma intensidade, eventualmente resolve dar novos contextos históricos a eles. É o caso de Judy Garland e, guardada as devidas proporções, de Renée Zellweger (provável vencedora do Oscar desse ano)… Confira nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.