“Godzilla II: Rei dos Monstros” mostra mais vocação para universo compartilhado do que para continuação do filme de 2014
Em “Godzilla II: Rei dos Monstros” se passaram cinco anos desde a última aparição de Godzilla, e os integrantes da agência Monarch precisam lidar com a súbita aparição de vários monstros, incluindo Mothra, Rodan e Ghidorah. Enquanto buscam uma aliança com o próprio Godzilla a fim de garantir o equilíbrio da Terra, os humanos acabam fazendo parte de uma grande disputa por poder protagonizada pelos titãs.
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A primeira sequência do filme dá o tom do projeto, se em 2014 demoramos um bom tempo para ver o mostro do título, nesse “Godzilla II: Rei dos Monstros“, o lagartão surge logo na primeira cena, sem cerimônia nenhuma. Ainda que seja como um flashback, faz diferença para entender que esse longa quer, definitivamente, mostrar o máximo de monstros possível. Bem como há uma apresentação bastante superficial dos personagens, que subentendemos que tenham tido grandes perdas devido ao ataque anterior
O filme mostra pouco das consequências dos acontecimentos de 2014, a não ser no sentido mais político. Mais especificamente sobre a cobrança em cima da organização Monarch que estaria/está escondendo monstros. O longa tenta, mas sem sucesso, fazer uma alusão a necessidade de convivência pacífica e troca de experiências entre os povos.
Os efeitos visuais são o ponto forte de Godzilla II: Rei dos Monstros. A produção alcança algum realismo nos monstros, similar ao que se faz nos dinossauros de Jurassic Park ou nos Kaiju de “Círculo de Fogo” (pelo menos no primeiro). Mas não chega totalmente no resultado, pela ausência de efeitos práticos, que são muito utilizados na franquia Jurassica.
A criaturas estão potencializados, apresentam poderes e habilidades muito maiores nesse filme. Bem como, dessa vez eles são apresentados quase que diretamente como Deuses (mas nomeados como Titãs em alusão a clássica rivalidade).
Godzilla continua imponente em tela e é efetivamente o “protagonista” mais interessante do filme. É bonito ver sua movimentação pesada, furiosa e que tem algumas homenagens ao Gozilla clássico dos anos 50.
A também clássica Mothra não decepciona, a não ser pelo pouco tempo em tela. A reinvenção de design da “Rainha dos Monstros” é criativa e faz ela não parecer tão inofensiva quanto no passado, mas ainda manter aquele ar “inocente” da mariposa.
Rodan e Ghidorah são introduzidos como “vilões” na história, basicamente de instintos territoriais. Eles funcionam como figuras de confronto, Rodan lembra muito um dinossauro, e Ghidorah está mais próximo de uma lenda mitológica (e consequentemente o mais artificial dos quatro).
Nas batalhas, a direção mais intrusiva de Gareth Edwards (“Rogue One“) faz falta. Gareth que acumulou experiência com fotografia e efeitos especiais, colocava o expectador dentro da ação. Com sua câmera passeando pelos escombros nos fazia entender a escala dos monstros e seu real impacto. Mas diferente dele, Michael Dougherty (“Krampus: O Terror do Natal”), tenta seguir uma linha mais “Transformes”. Mesmo que mantenha o peso do Godzilla, na hora da interação com os outros monstros pouco se entende dos confrontos. As cenas de batalha, em sua maioria, são escuras e picotadas.
Mais do que o primeiro filme, “Godzilla II: Rei dos Monstros”, opta por ter diversos interlocutores da história. Algo que incomoda em determinados momentos. Os personagens estão sempre explicando questões que já estão expostas. No caso do subaproveitado Dr Serizawa, de Ken Watanabe, além de explicar, ainda faz escada para mais explicações de outros personagens.
A normalmente excelente Vera Farmiga (“Invocação do Mal”), faz uma dobradinha incoerente com Serizawa. Dois fanáticos por monstros que parecem ceder mais as suas crenças do que a própria ciência, que deveria ser sua base. O que acaba por trazer diversas comodidades ao roteiro que beiram a infantilidade. Imediatamente surge uma ideia de readequação da terra, similar a de Thanos em “Vingadores: Guerra Infinita”, que é simplesmente inexplicável.
Para “hypada” Millie Bobby Brown (“Stranger Things”) e sua Madison, resta ficar correndo de um lado para outro, enquanto o roteiro tenta lhe dar funções que não fazem sentido. Bem como, acompanhar sua mãe cientista a uma instalação totalmente secreta e perigosa, da qual ninguém contesta sua presença.
Charles Dance (“Game of Thrones”) e Kyle Chandeler (“Argo”) têm personagens mais coerentes, ainda que por outro lado, Dance seja quase que exatamente a mesma figura de Game of Thrones.
Enfim, “Godzilla II: Rei dos Monstros” tem excesso de personagens, além de ficar o tempo todo tentando pintar seu anunciado universo compartilhado. A Ilha da Caveira, terra de King Kong é mencionada várias vezes e o próprio Kong aparece em relances para os mais atentos. Fica a esperança de que o aguardado encontro entre King Kong e Godzilla, seja mais focado nos dois gigantes e não em um grupo de humanos lunáticos e atrapalhados que os fiquem admirando… Veja o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo.
Cena pós – créditos: O filme tem sim, uma cena pós- créditos, logo depois de todos os créditos. Mas durante os créditos, há uma centena de pequenas menções ao futuro universo de monstros da Legendary, principalmente à King Kong.