Com Will Smith e Naomi Scott explodindo em carisma, Aladdin tenta empolgar pelo espetáculo
Em “Aladdin”, um jovem humilde é usado pelo ambicioso Jafar (Marwan Kenzari) para descobrir uma lâmpada mágica, que tem um gênio que pode lhe conceder desejos. Mas a lâmpada fica com o próprio Aladdin, que agora quer conquistar a moça por quem se apaixonou. Mas o que ele não sabe é que a jovem é uma princesa que está prestes a se noivar. Com a ajuda do gênio, ele tenta se passar por um príncipe para conquistar Jasmine (Naomi Scott) e a confiança de seu pai.
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Ao contrário da recente adaptação de Dumbo, a nova versão de Aladdin faz uma aposta garantida, seguir basicamente a mesma história da animação de 1992, sem mudanças bruscas. Como dizia, Michael Jackson em “This Is It”, “os fãs querem escutar as músicas, como nos discos em que as conheceram”. A Disney parece já ter assimilado essa visão em “Aladdin”.
Diversas cenas são reproduzidas quase com exatidão, como forma de homenagem. Desde a primeira perseguição clássica a Aladdin, até a cena do ladrão virando príncipe. Mas o “realismo” do longa, exige certas alterações que podem fazer falta, como o fato dos animais não serem antropomorfos. Ou seja, não terem traços humanos, não falarem, ou pensarem alto.
“Aladdin” caminha de forma um tanto desconfiada nos primeiros minutos, mas se torna outro filme com a entrada do gênio vivido por Will Smith. Parece que uma onda de carisma e simpatia “hidrata” o filme, fazendo com que o clima se torne mais confortável.
Will Smith, inteligentemente, constrói um gênio com pequenas referências a animação, mas o distância dela, tão logo possível, trazendo muito da persona “conquistadora” do próprio Will. Assim como a aparência (que gerou muitos comentários na internet), de forma geral, o gênio de Will Smith é mais humano. O filme não trabalha seu background (assim como a animação, aliás), mas lhe dá mais espaço para trabalhar seus desejos comuns e acrescenta, inclusive, um personagem que facilita essa transição.
O humor do filme também deve muito a Will Smith, que está sempre dando boas escadas de piadas para os outros ou faz ele mesmo as gags visuais mais interessantes do longa.
Os efeitos especiais oscilam, causam estranheza num primeiro contato com a caverna e o gênio . Mas com pouco tempo, é fácil se acostumar e se divertir com algumas das passagens mais marcantes do gênio, que começa a brincar com a criatividade e usar seus poderes para se transformar em quase tudo, como um tipo de Máskara (ou seria o Máskara um tipo de Gênio??).
O diretor, Guy Ritchie (“Sherlock Holmes“) deixa de lado seu conhecido estilo artístico, para se render a algo mais convencional. São raros os momentos em que se vê traços originais de Guy Ritchie, como aquelas famosas cenas de montagem atordoante e câmera lenta. Objetivamente, o “estilo Ritchie” talvez trouxesse mais problemas do que soluções ao filme, então, deixá-lo mais quadrado realmente pareceu uma decisão acertada.
Guy, no entanto, falha na atenção aos detalhes. O filme, na maioria da vezes, parece um grande teatro. O realismo proposto deixa escapar as unhas e cabelos super bem feitos dos personagens, por exemplo, ou, principalmente, um Aladdin que não tem qualquer traço de sofrimento. Um ladrão que passou a vida nas secas ruas de Agrabah, mas está sempre de cabelo arrumado (não mexe, em momento algum), sem qualquer arranhão ou cicatriz, mesmo com tantas aventuras. O Design de produção é agradável principalmente para os pequenos, apesar desse aspecto limpo demais, mesmo para um filme infantil.
Também com a entrada de Will Smith, começam os melhores números musicais. Sim, eles estão lá, e a Disney não tem qualquer receio em fazê-los explodir quando precisa. Bem coreografados e pensados a todo momento como espetáculo visual. Alguns deles realmente criam pequenos vídeos clipes (que carregam até uma homenagem a dança do Carlton, para os mais atentos).
Os músicas são impulsionados por uma excelente trilha sonora pop, que redescobre os sons da animação e traz mais uma série de músicas, que podem facilmente rolar em seu streaming de músicas. Como “Friend Like Me” (Will Smith) e “Speechless” (Naomi Scott). A trilha incidental de Alan Menken, brinca muito com o estilo misterioso incutido no mundo Árabe, e carrega a tensão nos momentos finais relacionados a Jafar.
Outro grande acerto, é Naomi Scott como Jasmine. Bem como é uma grande surpresa também. Incrivelmente bonita e elegante em tela, e extremamente dedicada em sua construção de personagem, ela crava desde o início seu lugar na trama. Tal como, de quebra, faz um trabalho fora de série cantando ela mesma e, interpretando em seus momentos musicais. Arrebata qualquer um que desconfiasse de sua capacidade de interpretar um personagem como Jasmine.
Marwan Kenzari funciona como o vilão Jafar, apesar de ter traços de exagero em sua interpretação, que não devem agradar muita gente.
Por outro lado, o personagem que dá nome a essa história, não tem tanta sorte assim. Esforçado, sorridente (e ótimo dançarino), Mena Massoud não entrega bem como o Aladdin que se espera. Talvez por um erro de casting mesmo, a busca por um casal muito bonito (e sim, o rapaz o é), pode ter atrapalhado o espirito aventureiro e malandro que se esperava de Aladdin, mas que Mena jamais consegue vender com competência. Ele é esguio, sempre de movimentos elegantes, parece efetivamente um príncipe perdido em Agrabah. Mena tem seus melhores momentos em interações carregadas pelo experiente Will Smith.
Por incrível que pareça, a maior parte dos problemas de roteiro também estão relacionados ao Aladdin. Como o fato de ele convenientemente estar mais distraído que o normal em alguns momentos decisivos do longa. Há problemas quanto as lógicas dos pedidos do gênio também. O próprio Gênio tenta deixar no ar as “áreas cinzas”, inexatas, em relação aos pedidos. Mas às muitas vezes não fica bem explicado até que ponto os desejos são cumpridos e isso interfere diretamente na trama.
Enfim, com “Aladdin”, a Disney continua sua saga para atualizar clássicos e inserir temas modernos de forma sutil. Como no reforço de personalidade da princesa Jasmine, agora com mais convicção do que na animação de 92 . Aliás, convicção é que o estúdio traz com esse novo filme, a Disney está convicta e sem qualquer constrangimento de ser a maior defensora do conceito “cante, dance, pule e divirta-se” com o cinema… Veja o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo.
OBS: O filme não tem cena pós – créditos , mas tem um divertidíssimo número nos créditos finais.