John Wick 3: Parabellum, traz um Keanu Reeves amargurado e implacável, em busca de sobrevivência
“John Wick 3: Parabellum” começa exatamente de onde terminou “John Wick: Um Novo Dia Para Matar”, com John fugindo do Hotel Continental, na pulsante Manhattan. Wick quebrou uma das regras fundamentais do hotel e matou um poderoso chefe da máfia no local. Com isso, uma recompensa milionária foi oferecida por sua cabeça e agora John Wick é alvo de praticamente todos os assassinos do mundo.
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É engraçado como logo num primeiro momento desse filme, entendemos que se passaram poucos dias, desde que vida de John Wick virou de pernas para o ar, por causa de um cachorro. Ou seja, estamos testemunhando realmente os dias mais loucos de John Wick, mas sem um descanso entre eles.
“John Wick 3: Parabellum”, continua apostando (e bem), na “mitologia” da organização assassina. O “modus operandi”, fica cada vez mais rebuscado e complexo, ao ponto de revelar um tipo de tribunal que julga a atuação da rede de hotéis e de seus hóspedes. Mas é preciso dizer, porém, que esse mesmo ponto de interesse, parece ficar cada vez mais perigoso para o roteiro. São tantas regras, que algumas delas já começam a se perder e não fazer tanto sentido.
Em meio a essas novidades, não demora para vermos um John Wick ainda cansado, se ver obrigado a entrar em ação novamente, na primeira das várias e belas cenas de luta do filme. Reeves definitivamente se consolida nesse longa como um tipo de “Jackie Chan mortal”. Enquanto o mito asiático costuma no máximo deixar seus oponentes se contorcendo, John Wick sabe que seus oponentes vivos, são um risco de vida. Então, tudo ao seu redor vira uma arma, desde de capacetes até, pasmem, livros. E outra surpresa, é que o personagem está cada vez mais familiarizado com um tipo de humor muito próprio desses filmes para maiores, o chamado “humor negro”.
Os confrontos seguem pela linha mais realista que conquistou os fãs anos atrás. Mas, isso só é possível, devido ao preparo de Keanu Reeves. Nos cenários mais variados possíveis, Reeves esbanja técnicas de judô, jiu jitsu, Kung Fu, Luta Greco e etc. No deserto, na biblioteca, na auto estrada, a criatividade tem falado cada vez mais alto na franquia. Bem como é perceptível, que também havia mais dinheiro para investir nesse capítulo, que usa muito mais Chromakey do que os anteriores e também aposta em grandes cenas de locação, como a ótima perseguição de motos.
O diretor, Chad Stalheski ainda segue com um estilo muito próprio e eficiente de filmar ação. Ele evita cortes desnecessários, e confia em seus protagonistas e coreógrafos para deixar os golpes rolarem até o final. Bem como, volta a trabalhar como ninguém, o conceito de vídeo game nos cinemas. “John Wick 3: Parabellum”, pode ser acompanhado facilmente, fase a fase, vilão por vilão como nos melhores games de ação. Novamente homenageando Bruce Lee, Chad faz John Wick subir andares enfrentando oponentes, como no “Jogo da Morte” e diversos games, principalmente dos anos 90. Chad Stalheski também abusa dos sons, com efeitos sonoros secos, realistas, do tipo que fazem seus ossos doerem.
Já a trilha sonora, sempre com tons clássicos ou eruditos, faz a harmonia perfeita com o “ballet” de violência de “John Wick 3: Parabellum”. Enquanto no comando da fotografia, o indicado ao Oscar, Dan Laustsen, em parceria com o design de produção, brinca com o contraste e sombras coloridas. Num trabalho que deixa cada momento do filme com uma personalidade única.
Outra grande sacada de Chad, é usar um elemento muito conhecido do universo de John Wick, os cachorros rs. Os cachorros entram em ação e funcionam como um fator aterrorizante, sejam cachorros reais ou C.G.I, todas as participações são espetaculares. Aproveitando o gancho, vale destacar Halle Berry, que está envolvida diretamente na cena e convence como personagem “quebradora de pescoços/mestre dos cachorros”, além de formar uma dupla bastante entrosada com Keanu Reeves.
Aliás em dupla ou sozinho, Keanu continua entregando algumas de suas melhores atuações nessa franquia. Há quem diga que Keanu Reeves não sabe atuar, por tentar enxergá-lo como ator dramático. Um erro comum, de cinéfilos com certa soberba. Keanu se doa fisicamente ao filme de uma maneira impressionante, mostrando dor, cansaço, irritação. Ele é o que sobrou do John Wick nos últimos filmes, e carrega toda essa mágoa e esgotamento no andar, nas corridas, na expressão. O espectador consegue entender que aquele homem já passou por muita coisa.
Ian Macshine como Winston também constrói um personagem cada vez mais irônico, que se torna peça fundamental para o longa.
Os principais oponentes de John Wick vem do cinema de artes marciais. Yayan Ruhian e Cecep Arif Rahman são as “revelações” do sucesso “Operação Invasão” (The Raid). Ambos trazem para “John Wick 3: Parabellum”, o melhor de seus filmes na ásia. A dupla é ágil e brutal, num mix de artes marciais que faz John Wick suar como nunca, até então. Por outro lado, o grande chefão mesmo, Mark Dacascos, medalhão dos filmes de ação B, é uma decepção. Que Mark Dacascos luta, ninguém duvida, mas a elaboração de seu personagem por aqui chega a ser cômica. Trata-se um vilão caricato, exibicionista, que em nenhum momento soa como ameaça para John Wick. E ainda tem cenas inexplicáveis, como quando o ator (Hawaiano) tenta por algum motivo, forçar um sotaque japonês. Certamente, ainda falta a saga John Wick um vilão de peso, para encarar Keanu Reeves.
Enfim, “John Wick 3: Parabellum”, é sem dúvida um dos maiores do gênero “exército de um homem só” e consolida a trilogia como uma excelente forma de revisitar o cinema de ação adulto, que tanto fazia sucesso nos 80 e 90, e que precisa desse aspecto moderno e criativo para conquistar um novo público. Em resumo, “John Wick 3: Parabellum”, é selvagem, é frenético, é criativo, é indispensável… Confira o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo.
OBS: O filme não tem cena pós – créditos, mas tem uma última cena que cumpre a mesma função, praticamente.