Em “Cópias – De Volta à Vida” tenta voltar ao universo da ficção científica, sem o mesmo sucesso
Em Cópias – De Volta à Vida, na pele de Will Foster, um homem que perde tragicamente sua esposa e seus filhos num acidente de carro, Keanu Reeves também vive um neurocientista cujo trabalho envolve a transferência da consciência humana para um hospedeiro robótico. Juntamente com um colega, Ed (Thomas Middleditch), Will consegue criar réplicas de sua família, mas enfrenta desafios morais, além da interferência das autoridades e seus obscuros empregadores.
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Quando se assiste “Cópias – De Volta à Vida”, se tem a impressão de que Keanu Reeves foi enganado pelo bons argumentos iniciais do filme. Existe uma boa ideia de partida. No entanto, assim que o longa começa mergulhar nelas (e isso acontece rapidamente), ele se perde miseravelmente, como uma criança numa grande loja.
O roteiro simplesmente esquece as consequências dos atos do cientista. É como se não existissem mais do que meia dúzia de pessoas no universo do filme.
Em determinado momento existe a indagação óbvia sobre o desaparecimento da família, mas essa questão é resolvida de forma quase infantil. Sem contar o fato de que uma pessoa desaparece e simplesmente ninguém dá falta, é de uma facilidade preguiçosa.
O conflito do protagonista com seus próprios atos, jamais é bem explorado, e o filme ainda parece recompensá-lo por suas inconsequências. Fatores complicantes são apresentados e retirados da história com a mesma velocidade. Como quando Will é cobrado por estar ausente da empresa há dias e retorna, mas pouco tempo depois, volta a se ausentar como se nada tivesse acontecido.
Há uma série de furos na construção e atitude dos clones em si, que retornam como se realmente fossem as pessoas originais, exceto por um ou outro detalhe, como alguns bugs de habilidade física. As replicas se comportam naturalmente e com aparência já desenvolvida, como se não tivessem acabado de nascer fisicamente. O conceito da mente duplicada também é extremamente frágil e cômodo para o roteiro, assim como incomoda que o personagem de Reeves jamais sinta realmente a perda de sua família ou diferença dela para as cópias.
O filme, que é de baixo orçamento (U$ 30 milhões), se obriga a usar efeitos visuais que ficam muito abaixo do que precisavam entregar. Para se ter uma ideia, ficam atrás de filmes como “Eu, Robô” (de 15 anos atrás). Quem assistir o longa, irá entender a comparação.
A direção muito ruim de Jeffrey Nachmanoff (“O Traidor”), é mais uma que irá contribuir para a fama de mal ator de Keanu Reeves, que já teve momentos que lutam contra essa marca (incluindo o recente John Wick), mas por aqui, infelizmente, se vê um dos trabalhos menos inspirados do velho Neo. John Ortis (“Kong: A Ilha da Caveira”), é um vilão tipicamente ambicioso e com poucos traços de humanidade, repleto de clichês, mas que funciona em determinados momentos do filme, até mesmo como uma voz coerente dentro dos vários escorregões que o roteiro tem. Toda a família de Keanu Reeves também não consegue funcionar no contexto, com atuações confusas, provavelmente resultado também da direção de atores, quase nula.
As escolhas de fotografia, com alguns planos holandeses (câmera deitada), também não ajudam a desfazer a sensação de “perdido” que o filme traz.
Enfim, “Cópias – De Volta à Vida”, é um filme com cara de ficção cientifica, mas que beira uma paródia de gênero, o que é uma pena para a carreira de Keanu, que encontrou nesse filme, seu maior fracasso (pelo menos nos Estados Unidos).
Falta equilíbrio e o mínimo de lógica (do próprio universo do filme) para que consigamos comprar qualquer ideia apresentada em “Cópias – De Volta à Vida”, que é uma verdadeira salada de ideias, que se tornar indigesta no final. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.
OBS: O Filme não tem cena pós – créditos.