Para tentar recomeçar a franquia, “O Predador” se atira em sangue, explicações e comédia
Em “O Predador”, agora os mais letais caçadores do universo estão mais fortes, mais inteligentes e mais mortais do que antes. Eles se aperfeiçoaram com o DNA de outras espécies. Quando um jovem acidentalmente causa seu retorno à Terra, apenas uma equipe improvável de ex-soldados e uma professora de ciências podem evitar o extermínio da raça humana
O filme começa com uma tática clássica, que você já deve ter utilizado, igualmente rs… apresentar o que se tem de melhor e impressionar de cara. Lá nos primeiros minutos, “O Predador” tem suas melhores sequências de ação. Na floresta, como nas boas lembranças do fãs do Predador. Uma sequência de ação violenta e de tirar o fôlego, a princípio, mostrando um filme fechado no embate homem x Predador.
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Mas o que se vê me seguida, é que as ideias de Shane Black como roteirista e diretor, estão um acima do orçamento. Longe dos pés no chão do filme clássico, do qual o próprio Shane participou como ator.
O Predador é um filme que tenta explicar (mastigar), absolutamente tudo. Desde a chegada do Alien, passando pelo motivo dele ter os famosos Dreads, até o nome Predador. Bobagens que são mais divertidas de discutir na internet. Esse excesso de explicações faz tudo se resolver muito rápido, amizades instantâneas, aptidão de uma criança para entender a tecnologia alienígena como se fosse um jogo de celular, enfim, daí pra baixo.
Porém, o roteiro mesmo mastigado é muito preguiçoso. E veja que já falei sobre isso algumas vezes. Tudo depende da proposta do filme. Se a proposta é mandar meia dúzia de mercenários para uma caçada de um Alien na floresta, ok, não há necessidade de muitas explicações. Mas sem dar spoilers do filme atual, quando a proposta é de apresentar uma série de elementos nunca abordados, e expandir a história do Predador, misturando tecnologia, genética, filosofia, comédia e rivalidade… Bem, aí, é necessário ter um roteiro minimamente mais amarrado. Da mesma forma, diminuir conveniências ou cenas desnecessárias.
Bem como essa salada de elementos culmina num dos maiores problemas do filme. A necessidade de usar muitos efeitos visuais. Por outro lado, algo que não seria um problema, se bem executado. Mas, em O Predador eles são sofríveis, principalmente na reta final. O fundos falsos em C.G.I, são gritantes e por vezes a fotografia e edição picotada ainda deixam confusas as cenas de ação.
A opção por ter a maioria das cenas a noite é boa para o filme, ainda mais por esconder efeitos visuais. A ação do filme beira o “gore” e não nega a violência oitentista. Quase caricata, com muito sangue, braços e cabeças sendo arrancados. Tudo ao melhor estilo Sessão da Tarde sem censura. A trilha sonora sempre presente, por vezes, lembra as trilhas de Danny Elfman para os filmes do Batman de Tim Burton, nos anos 90. Os easter eggs da franquia também aparecem aos montes, mas principalmente trazidos do primeiro filme. São muitas as menções ao ano do clássico de Arnold Schwarzenegger (1987). O filme que se tornou um dos maiores hits da carreira do governator, como listamos em nosso vídeo especial (veja aqui). E até a famosa frase “Get to choppa” surge em algum momento.
“O Predador” também tem ótimos alívios cômicos no improvável time. A equipe é surpreendentemente carismática. Logo destacam-se Trevante Rhodes (“Moonlight”), o comediante Keegan- Michael Key (“Tiras, Só que Não”) e Thomas Janes, nosso clássico Justiceiro de 2004 (aquele mesmo, com John Travolta e tortura de sorvete rs).
O menino Jacob Tremblay (“Extraordinário”), é de longe o elemento mais insuportável do filme. Chaaaato !!! Um overacting desnecessário, o tempo todo, com excesso de trejeitos e demonstrações de atuação. Cenas que nada acrescentam ao longa. Da mesma forma.o personagem é bastante mal desenvolvido, uma peça para resolver tudo no longa.
Boyd Holbrook mostra que funciona como astro de ação, mas já como protagonista de uma futura franquia, ainda é questionável. A tentativa de transformá-lo num badass que vá segurar os próximos filmes é clara. Bem como fica justificada a não participação de Arnold Schwarzenegger, que recusou um papel (veja aqui). Tanto, Shane Black quanto Boyd comentaram como havia um certo “medo” de Schwarzenegger chamar mais atenção do que o próprio filme. E de fato aconteceria, devido a seu carisma acima do nível do elenco atual.
Enfim, “O Predador”, tem momentos divertidos, principalmente na primeira parte. Ação, falas engraçadas, personagens simpáticos ao público, clichês que gostamos de ver. Mas para apreciar isso, é preciso engolir muitos problemas e um final desesperadoramente fraco, que tem pretensões de fazer ligação com uma continuação, que sabe se lá, se vai acontecer. E por falar em continuações, “O Predador”, não se rendeu a moda, e NÃO tem cenas pós – créditos.
Confira o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo.