O grande duelo de dois veteranos das telonas
Em “A Grande Mentira”, golpista Roy Courtnay (Ian McKellen) não resiste aplicar seu golpe mais uma vez quando conhece a recém-viúva Betty McLeish (Helen Mirren) online. Porém, à medida em que a mulher abre sua casa e sua vida para o vigarista, ele se surpreende com a inesperada relação criada.
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“A Grande Mentira” reúne dois dos maiores talentos britânicos numa brincadeira de caça ao rato. Um do duelo elegante e envolvente entre Ian Mckllen e Helen Mirren, dois gigantes do cinema.
Umas das melhores características de “A Grande Mentira” é que ele é focado em trama, personagens, ou seja, no básico. Não é um filme para gerar continuações, franquias… e, às vezes, isso é realmente bom.
O diretor Bill Condon (“DreamGirls: Em Busca de Um Sonho“), também brinca de gato e rato com o espectador ao esconder as verdadeiras intenções do filme em boa parte do longa. “A Grande Mentira” é um filme de golpe? É um filme de romance? É um filme de vingança? Não é uma pergunta tão fácil de se responder até o final.
O longa começa com algumas brincadeiras sobre o conceito de mentira, sobre as tais mentiras sociais e seus desdobramentos. É como um recado “Mentira, é mentira, e sempre tem consequências…”. O curioso é justamente presenciar o desenrolar de um amontoado de mentiras muito antigas que foram apagadas ou esquecidas por seus autores.
O filme está bastante interessado em observar como algumas pessoas simplesmente não conseguem lidar com o passado, enquanto outras simplesmente o apagam e partem para outra (mesmo que eticamente erradas).
Para Bill Condon é importante fotografar a mesma cena por ângulos diferentes. Frestas, olhares, artifícios que deem pistas, mesmo que falsas, sobre o que realmente está acontecendo.
Obviamente, que a presença dos veteranos e incríveis Helen Mirren (“A Rainha”) e Ian McKellen (“O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei”), facilita muito as coisas. Os dois são fluídos, brincam com as percepções, dominam a trama com extrema facilidade. Especialmente Ian McKellen que introduz tons de ironia e humor britânico muito bem vindos ao seu golpista.
Porém, as reviravoltas, por vezes rocambolescas, nos desafiam a ativar o modo “cinema é lugar do impossível”. Apesar de algumas boas ideias ao revisitar o passado dos personagens, o desenrolar final do longa parece quadrado e explicado demais, para as expectativas que se cria sobre ele. Os personagens parecem obrigados a “emburrecer” para que a trama faça sentido.
Enfim, “A Grande Mentira” é um filme trabalhado com ares de suspense sofisticado, mas na verdade, tem como principal chamariz o desempenho da dupla de protagonistas. É basicamente neles que está o motivo para terminarmos o filme com alguma sensação de satisfação que talvez pudesse vir por outras ferramentas que “A Grande Mentira” deixa pelo caminho. Confira nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.