“A Maldição da Chorona” traz a vida uma das maiores lendas do povo mexicano
Em “A Maldição da Chorona”, é Los Angeles da década de 1970, uma assistente social criando seus dois filhos sozinha depois de ser deixada viúva começa a ver semelhanças entre um caso que está investigando e a entidade sobrenatural “La Llorona”. A lenda conta que, em vida, “La Llorona” afogou seus filhos e depois se jogou no rio, se debulhando em lágrimas. Agora ela chora eternamente, capturando outras crianças para substituir os filhos.
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Baseado numa lenda mexicana, similar ao “bicho papão” (sobre desobediência das crianças), a tal maldição constituí uma lenda de profundidade inesperada. Considere que trata-se de uma mãe que mata os próprios filhos em vingança contra o marido.Devido a isso, passa o resto de sua existência condenada a chorar de arrependimento. Um contraponto doloroso a imagem de mãe protetora. Bem como, certamente, um bom argumento para ganhar um filme.
A introdução é relativamente assustadora, ainda que desnecessária, já que seria recontada na história.Porém, a vertente dramática que poderia trazer essa empatia a história das mães, não é tão bem explorada.
Quem viu potencial na ideia, novamente, foi James Wan (Aquaman), que produz o filme, mas deixa a direção nas mãos de Michael Chaves (estreante em longas). É possível perceber o estilão dos filmes Wan desde o início. Mas fica mais evidente que se trata de um filme com sua marca, quando um certo easter egg já recorrente, é colocado do nada no filme para tirar reação do público.
A plot do longa é desenvolvida rapidamente, existe uma apresentação bastante superficial da personagem de Anna, vivida pela bela, Linda Cardellini (a Velma dos filmes do “Scooby – Doo”), que é uma mãe meio endurecida que vai verificar uma denúncia numa casa de latinos, e lá começa a ter contato com o mistério da Chorona.
Como em grande parte dos filmes de terror da atualidade (e talvez até, de todas as épocas), a indecisão sobre as habilidades da entidade incomoda muito. Se por vezes, pode se ver a entidade se teletransportar para onde quiser, em outras se vê personagens em segurança apenas ao trancar portas… Os exemplos chegam a ser engraçados, como quando a Chorona tenta abrir a porta de um carro rodando a manivela (o filme se passa na década de 70), de fora do carro com sua mente (se é que esse é o termo correto), e um garoto consegue segurar por dentro. Ou quando crianças se escondem no armário para não serem pegas pela entidade. No entanto, em outras cenas, a Chorona invade quaisquer locais sem dificuldade. É como se ela fosse física ou espiritual de acordo com o interesse do roteiro. Também não se explica minimamente as regras sobre as fragilidades e pontos fracos da entidade, elas surgem, simplesmente.
O elenco é esforçado, mas não tem nenhum super ator, parece artificial nos momentos mais agudos, o que prejudica o desenvolvimento do filme. Exceção feita ao bom Raymond Cruz (da série “Breaking Bad”), que vive um curandeiro de fé forte e com senso de humor irônico, que consegue quebrar certas tensões do longa.
“A Maldição da Chorona” se utiliza de alguns planos sequência para dar uma ideia de agilidade, mas em outras oportunidades de takes também executa cenas impressionantes no sentido técnico/criativo. Bem como, os planos mostrando crianças num corredor e a aparição intermitente da entidade, sem som, quase sem luz, apenas em flashes. A montagem nem sempre funciona, mas em cenas isoladas como essa, está perfeita. Há outro mérito em “A Maldição da Chorona” que é o de não apelar para “jumpscare” o tempo todo.
Porém, em outros momentos, “A Maldição da Chorona”, pode ser facilmente comparado a filmes B. A maquiagem é sem dúvida um dos elementos que mais nos tira do filme, inexplicavelmente amadora. Assim como os efeitos visuais, que em nada lembram o padrão de qualidade de James Wan.
Enfim, “A Maldição da Chorona”, vem de uma base mais interessante do que os desavisados devem imaginar pelo nome, no entanto, não sabe se aproveitar tão bem dela. O filme consegue ser, não mais, do que mais uma adaptação de lendas de terror variadas, para preencher calendário de cinema e, pegar quem está de passagem pelo shopping em busca alguns sustos. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.
OBS: O filme não tem cenas pós- créditos