“Um Funeral em Família” certamente não funciona tanto para famílias não americanas
Em “Um Funeral em Família”, Madea (Tyler Perry) e seus companheiros achavam que estavam indo para uma reunião de família como outra qualquer. Porém, tudo se transforma em um pesadelo quando de repente eles precisam planejar um funeral no meio da viagem à Georgia.
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Esse filme não é o primeiro da personagem Madea, e ao contrário do que parece, faz falta ter assistido algum deles. Já são 10 filmes em que a personagem aparece. “Madea” protagoniza filmes baratos e, é um fenômeno de bilheteria nos Estados Unidos. Essa última palavra pode explicar o motivo para que Madea talvez não dê certo para brasileiros, ou qualquer público, que não seja o americano.
“Um Funeral em Família” tem muitas piadas que somente o público dos Estados Unidos vai entender. São gags regionais, caricaturas de negros. Assim como os diálogos gigantescos, com gente gritando o tempo todo e sempre falando muito rápido. O mais próximo que tivemos disso por aqui, foi em algumas séries dos anos 90, mas certamente sem tanto exageros e caricaturas.
O filme tem Tyler Perry (o Colin Powel do filme “Vice”), um ator que se tornou um magnata do cinema para negros com sua produtora, e que nos filmes de Madea tenta seguir uma linha parecida com Eddie Murphy. A grande diferença é que certamente, Tyler Perry não é tão talentoso para interpretar vários personagens.
É bem verdade que Tyler se sai muito melhor quando está travestido como Madea do que com a cara limpa. O ator se transforma em uma persona infinitamente mais carismática em tela. Porém, os personagens soam apenas como imitações mal feitas de gente que o próprio Tyler deve ter visto enquanto crescia. Às vezes é perceptível que a cena toda está rolando, com um ar de “o elenco está segurando o riso”, o que deixa tudo meio amador. Mesmo que comparar não seja o melhor dos mundos, é preciso dizer que boa parte da graça do que Eddie Murphy trazia em seus filmes como “Um Príncipe em Nova York”, “Um Professor Aloprado”, “Norbit”, era levar a sério. A construção dos maneirismos dos personagens, pareciam tão absurdos e bem feitos, que justamente por isso tiravam risos.
O filme também tem problemas quando tenta encaixar momentos reflexivos demais, numa história que deveria ser apenas uma grande brincadeira com esteriótipos. Em determinadas passagens, “Um Funeral em Família”, tenta abordar de forma “séria”, abusos domésticos e infidelidade, por exemplo. Assuntos que definitivamente, ficam isolados da proposta mais “bagunçada” do filme.
Mas “Um Funeral em Família” tem alvo muito certo, o público negro. O elenco é composto quase 100% por atores negros. Enquanto, os personagens de Tyler são todos paródias de avôs e avós, o restante do elenco é um contraponto, mulheres e homens jovens e bonitos em sua maioria. Parece uma forma de atrair o público negro de formas diferentes. Num primeiro momento pelas caricaturas de figuras mais velhas de suas próprias famílias, e num segundo momento com a identificação pelos personagens mais novos.
Enfim, “Um Funeral em Família”, tenta muitas vezes, mas dificilmente consegue tirar mais do que alguns risos isolados. Por mais aberto que o público esteja a não levar o filme a sério, o ritmo e as piadas parecem ter sido feitos apenas para divertir os próprios atores. É como uma noite de bar com imitações e histórias de família, que a mesa do dificilmente vai achar graça. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.
OBS: Não existem cenas pós créditos neste filme, somente vários erros de gravação durante os próprios créditos.