A Primeira Noite de Crime surge como prelúdio de uma franquia de surpreendentes críticas sociais
Em “A Primeira Noite de Crime”, quando um novo partido político, o New Founding Fathers of America, ascende, é anunciado um novo experimento social. São 12 horas sem lei, em que o governo incentiva as pessoas a perderem toda e qualquer inibição. A participação não é obrigatória, mas como estímulo, 5.000 dólares são dados para quem fica na cidade, e mais prêmios para quem participa.
A franquia Noite de Crime, por vezes não é levada muito a sério. Mas quando bem observada, principalmente, no primeiro filme, traz reflexões sociais muito interessantes.
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Esse quarto capitulo volta lá atrás para tentar explicar de onde surgiu o evento anual das “12 Horas sem Lei”. No entanto, apesar de mostrar como começou, e uma disputa de a “contra e favor”, o filme não deixa muito claro, o motivo para o tal “expurgo” ter sido realmente aceito.
A Primeira Noite de Crime, ainda se mostra bastante focada nos problemas sociais dos Estados Unidos (que com o devido tratamento poderiam ser transportados pra cá), e são tão chocantes quanto a própria violência do filme. Porém, algumas repetições de fórmula começam a pesar na eficiência dessa mensagem.
A lógica da crítica social continua forte e começa pelo local escolhido para o primeiro experimento. Que mostra que a primeira experiência foi feita num lugar muito pobre, Staten Island. Outro fator importante é que o local já convive com violência diária, ou seja, o partido considerou ali o lugar ideal, e com menos “prejuízo” para a população.
O primeiro dia de crime liberado, tem a ideia de ajudar a população a liberar a raiva, mas a trama do filme mostra que na verdade há muitas outras intenções por trás da experiência. São críticas fortes à respeito do consumo de recursos e do que o governo se propõe a prover.
Esse é o primeiro filme da franquia que não tem James deMonaco na direção, porém, não ser percebe tanta diferença, já que há uma direção simulada.
Assim como a maior parte da franquia, esse é um filme pequeno, de poucos cenários. Algo que faz bem para o longa em alguns momentos, lembrando até um clima de vídeo game que poderia ser mais aprofundado.
A construção dos personagens é bastante estereotipada. A menina reacionária, o traficante com um pé na ação social, o rapaz pobre dividido entre o certo e errado, os políticos sem escrúpulos e um vilão que é ódio puro. Às vezes é difícil levá-los a sério, e eles nem sempre funcionam para o contexto da discussão, principalmente o vilão caricato, Skeleto. O maior nome do elenco é a ganhadora do Oscar, Marisa Tomei, que tem uma personagem também bastante oscilante, mas envolvida e um das principais críticas do filme.
“A Primeira Noite de Crime” é bastante violento, mas ao contrário do que se pensa não é totalmente gratuita. A ação é bem feita e até envolvente em boa parte das investidas. O tal traficante com consciência social, Dmitri, com o passar do filme acaba pegando pra si o posto de figura de ação, e consegue ser convincente.
A fotografia sempre escura (já que o filme se passa a noite), permite que o filme brinque muito com o suspense. Há um jogo de edição que usa bem as situações de tensão que qualquer pessoa passa a noite, nas ruas, mas que são exacerbadas num lugar sem leis.
Enfim, o principal problema de “A Primeira Noite de Crime” é sobre a falta de clareza de como o “Expurgo” consegue algum sucesso. Não se sabe de onde surgiu a força do tal partido politico, nem como ele conseguiu convencer o governo a aplicar mesmo, a primeira experiência, aparentemente tão insana. Uma vez que esse seria o principal objetivo, pode se dizer que apesar de ter boas ideias e bons momentos “A Primeira Noite de Crime”, deixa de entregar o que promete para ofertar o produto de mais fácil aceitação para o público habitual da franquia. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.