Com um pé na nostalgia, “Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível” tenta apresentar o ursinho Pooh e sua turma para um novo público
Com um jeito quase britânico de contar sua história, Christopher Robin demora para encontrar o ritmo. No primeiro ato, para ser mais honesto é bastante lento.
“Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível”, é mais um conto que ganha nova roupagem da Disney. No filme, o garotinho que embarcou em inúmeras aventuras no Bosque dos Cem Acres com seu bando de adoráveis e animados bichinhos de pelúcia, cresceu e perdeu o rumo. Agora cabe aos seus amigos de infância se aventurar em nosso mundo e ajudar Christopher Robin a se recordar do garoto amável e brincalhão que ainda existe em seu interior.
Os personagens animados funcionam bem e captam perfeitamente a essência do clássico desenho animado. Se num primeiro momento, o realismo dos “bichinhos de pelúcia” causa estranheza, num segundo momento, no entanto, esse mesmo realismo começa a conquistar o espectador. São figuras realmente amáveis e cativantes, igualmente catapultadas por dublagens incríveis.
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Os efeitos visuais estão muito acima da média dos demais filmes que propõem interação de animação com seres humanos (Alvin e os Esquilos, Pica Pau e etc). Os atores parecem mesmo estar atuando com bichinhos de pelúcia falantes. Não há aqueles velhos problemas de noção espacial, dos atores olhando para direções diferentes de onde está o personagem.
As amarguras e melancolias da vida adulta de Robin são muito bem apresentadas no longa. O menino sonhador cresce, e vê sua vida ter a crueldade da “simplificação”. Assim como a sombra que faz as pessoas passarem a apenas existirem e não “viverem”. Repleto de paradoxos, o retorno do agora quarentão Christopher Robin ao bosque dos 100 acres pode parecer uma série de devaneios adultos, mas representa muito mais do que isso. É uma metáfora sobre a essência das pessoas. Sobre o que fica esquecido com o passar dos anos. É o reencontro com a criança interior, para formar um adulto melhor.
Cada personagem da turma do Pooh representa alguma característica que definitivamente faria (ou fará) diferença na vida de Christopher Robin. Desde o otimismo e tranquilidade do Pooh, até o ceticismo do Bizonho. Apesar da ideia de fantasia, por outro lado, Marc Foster (“Em Busca da Terra do Nunca”) mostra tudo de forma direta. Como se os personagens fossem reais, interagindo mesmo com as situações e problemas de Robin.
O visual é melancólico, e está longe das cores tradicionais das fábulas infantis do cinema. A escolha de focar no crescido Christopher Robin, é ousada, pois isso tira boa parte do potencial infantil do longa. Marc Foster, sabe qual tipo de mensagem quer passar, mas tem problemas na dinâmica dela. Com o passar da fita, principalmente no final, a própria montagem parece mais à vontade com o material que tem. Ainda sim, o que faz a diferença é a entrada da filha de Christopher Robin. Um alento infantil, que traz um tom um pouco mais esperançoso e aventureiro ao filme.
O humor é leve e inocente, possivelmente não arranque grandes gargalhadas nem mesmo das crianças, exceto por alguns trechos do bizonho. Esses momentos apostam principalmente na nostalgia um tanto adocicada dos personagens.
Ewan McGregor (“Star Wars: A Vingança dos Sith”) extrai a essência dos problemas do personagem, com a qualidade e carisma habitual. Entrega um papel importante, ainda que o personagem não seja tão interessante assim no roteiro. Destaque também para menina, Bronte Carmichael, que interpreta a filha de Robin.
Enfim, como diria o Pooh “Faça de hoje, o seu dia favorito, não importa que dia seja”. Então se a ideia de Christopher Robin não é propriamente ser um filme inesquecível, ele pode sim, ser um filme para te despertar emoções diferentes “hoje”. E sem dúvidas, lhe trará uma mensagem reflexiva e comovente ao final, ainda que um pouco “arranjada”. OBS: O filme tem uma cena no meio dos créditos bem divertida. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.