“Sicário: Dia do Soldado”, o feroz segundo capítulo de uma já anunciada trilogia sobre o tráfico
Em Sicário: Dia do Soldado, a guerra contra o tráfico de drogas na fronteira dos Estados Unidos com o México subiu de nível. E os cartéis agora também estão atuando na entrada de terroristas pela fronteira. Para combater essa guerra, o agente federal Matt Graver (Josh Brolin) retoma a parceria com o imprevisível Alejandro (Benicio Del Toro).
O filme traz uma abordagem nova para o problema com os cartéis de droga do México. Um paralelo entre o tráfico e o terrorismo de forma diferente do que a maior parte das pessoas conhece.
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“Em Sicário: Terra de Ninguém”, do supervalorizado Denis Villeneuve (“A Chegada”), temos uma visão um pouco mais invasiva de bastidores. O novo filme já começa com sua tendência a expor os lados mais obscuros da politica americana. Assim como, as famosas (e geralmente não admitidas), interferências americanas em assuntos externos. Tudo isso, tal como no primeiro filme, também vem pra discutir os limites éticos da ação policial. E também, o quanto eles tem que ultrapassá-los para cumprir suas reais missões. Outro aspecto muito característico da “franquia”, é mostrar aos poucos, como o ambiente molda os personagens.
O filme faz uma escalada do avanço do crime, dessa vez, Sicário aborda a imigração ilegal dos mexicanos. Algo que ficou muito na moda devido a eleição de Donald Trump. Mas o novo filme trata de expor vários aspectos desse fenômeno antigo, desde o sonho americano, até a participação dos próprios americanos nesse processo.
O filme tem não tem Emily Blunt, porém, conta com o retorno de Benício Del Toro (Alejandro) e Josh Brolin (Matt). Os atores fazem novamente um grande trabalho. Entregues, e oscilando de antipatia para um lado mais humano, a dupla literalmente engole sangue e poeira por um realismo maior. Entretanto um nome que rouba a cena, é o da excelente atriz mirim, Isabela Moner (“Transformers: O Último Cavaleiro”). Apesar de jovem, a menina não parece se intimidar com as expressões sempre carregadas de rancor de Benício Del Toro.
Inclusive, a interação deles, por incrível que pareça, faz lembrar muito “Logan”. Repleta de diálogos bem encaixados e por vezes tensos,eles desenvolvem uma relação paternal cheia de camadas. Relação quase que não admitida, que lembra muito o último filme de Hugh Jackman como mutante.
Sob a direção de Stefano Sollima (“Suburra”), o filme continua com ares de bastidores, mas dessa vez apostando mais na ação. Porém, uma ação voltada para um clima de guerra. Blindados, armas pesadas, confrontos entre equipes, tudo filmado de forma bem direta e sem grande invenções. E vejam que isso não é uma crítica, às vezes é preciso saber fazer um “feijão com arroz”, para não atrapalhar o conteúdo. O diretor também implanta urgência usando a câmera de mão nos momentos certos, assim como tomadas aéreas excelentes. Também com um trabalho de luz conforme o desespero que o filme apresenta. O mais importante em relação a essa troca de diretores, é a manutenção do estilo. Lembra uma pegada de “Tropa de Elite”, pela abordagem mais visceral da polícia e do crime. Aliás fica a dica, José Padilha seria ótimo para fechar essa trilogia.
Enfim, “Sicário: Dia do Soldado”, tem boas viradas, algumas delas não muito surpreendentes, mas ainda assim eficientes para a história e proposta da dita franquia. Há uma decisão final bastante discutível, talvez tanto quanto no primeiro filme. Mas fato é, que em ambos os casos, é impossível passar batido pelo estilo de Sicário. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.