“Eu Só Posso Imaginar”, se apresenta como um filme inspirado na composição da música “I Can Only Imagine”, mas em síntese, é um pouco mais complexo do que um processo simples de composição de letra ou melodia, é um longa biográfico, sobre a história de Bart Millard, vocalista da banda MercyMe, talvez um total desconhecido do público mainstream, mas dono de uma história e canção, que não à toa, conquistou o público no cinema americano.
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No filme, criada por Bart Millard, vocalista da banda norte-americana MercyMe, a música é o single de maior sucesso do grupo e exprime sua jornada autobiográfica de superação e fé. O ator J. Michael Finley dá vida a Millard, o jovem que sofreu durante a infância com o pai abusivo, interpretado por Dennis Quaid.
Enquanto Millard se distancia do convívio com seu pai, ele persegue o sonho de cantar e usa sua dor como inspiração para desenvolver sua carreira. Nesta missão, o artista reencontra o amor, e é surpreendido por ensinamentos de fé, que irão ajudá-lo a perdoar e transformar seu pai.
Vindo de uma surpreendente bilheteria nos Estados Unidos, onde fez U$ 83 milhões contra um orçamento de apenas U$ 7 milhões, “Eu Só Posso Imaginar” chega aos cinemas brasileiros com potencial parecido para surfar com um outro público, aquele não tão interessado nos grandes blockbusters em cartaz, como Han Solo, Deadpool ou até o final de carreira de Vingadores.
“Eu Só Posso Imaginar”, é um filme cristão, mas inteligentemente, assim como as músicas desse gênero nos Estados Unidos, não se posiciona como totalmente religioso, não força a ideia de milagres ou coisa do tipo, traz suas mensagens, mas executado com um bom grau de qualidade, não é uma propaganda religiosa, pelo contrário, é facilmente assimilador por diversos perfis.
Com uma boa construção de narrativa usando o artificio de começar a história pelo final, o filme tropeça em seu início. No primeiro ato tem alguns problemas de montagem, parece ter sido cortado de última hora para diminuir tempo e tentar pegar o público com alguns aspectos mais emocionais, porém, o resultado é um tanto confuso. Em seu desenrolar, o filme se dá ao direito de ser cheio de coincidências ingênuas para fazer a história caminhar, como documentos reveladores quase que “caindo do céu”, momentos improváveis de descobertas e etc, porém, sem que isso seja observado como truques preguiçosos de roteiro, já que a proposta do filme ainda que não fortemente religiosa, traga um apelo para a fé, e afinal, acontecimentos improváveis, fazem parte do dia-a-dia de muitas pessoas.
Sob o comando dos “Irmãos Erwin” (“Talento e Fé”), algumas cenas são muito bem dirigidas, e principalmente da metade para o final, com o público já “pré- aquecido”, puxam emoções difíceis de controlar, como na incrível cena de “acerto de contas” entre pai e filho, depois de anos praticamente sem se falar.
É nesse momento, inclusive, que se constata de vez, um dos melhores pontos do filme, as excelentes atuações lideradas pelo veterano Dennis Quaid (“O Dia Depois de Amanhã”) e o novato J. Michael Finley. Dennis talvez em uma das melhores atuações de sua carreira, constrói um pai frustrado, com trejeitos muito fortes, sem nenhum traço de simpatia inicialmente, mas com um nível de humanidade muito intenso que gera um certo sentimento de “pena” e não de raiva propriamente dita, enquanto J. Michael Finley é muito feliz em trazer em trazer para seu Bart um ar de carência, que nunca é totalmente preenchido pela música. Aliás, confrontos entre pai e filho marcam as viradas cruciais do filme, sejam elas negativas ou positivas para o protagonista, mostrando que o verdadeiro foco do longa é a evolução dessa relação e o quanto ela realmente afeta a vida do futuro astro da canção “I Can Only Can Imagine”.
Naturalmente, o longa é totalmente pensado para levar até a tal música, e alguns desavisados devem esperar por uma letra biográfica, mas toda a questão da música é que ela carrega os sentimentos do jovem ao longo de sua vida e não sua história literalmente escrita. A trilha sonora também tem bastante personalidade e é bem contextualizada, contribuindo para a força da mensagem do filme.
Enfim, “Eu Só Posso Imaginar”, trabalha de forma competente uma história simples que abraça o espectador, mesmo que ele não se identifique com ela. Um filme poderoso e inspirador sobre sonhos, perdão e escolhas que deve marcar os espectadores à exemplo de longas como “À Procura da Felicidade” e “A Felicidade Não Se Compra” (guardadas as devidas proporções). Confira o trailer e nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.