“Verdade ou Desafio” é o novo filme da Blumhouse, produtora que tem ficado famosa por seu estilo “bom e barato”, que já lhe rendeu muito milhões em lucro com filmes como “Fragmentado” e “Corra!”. Mas o grande “pulo do gato” da Blumhouse, nunca foi o de fazer filmes de “baixo custo”, mas sim o de fazer esses filmes não parecerem de baixo custo.
O thriller “Verdade ou Desafio”, apresenta a história de um grupo de amigos que passa a ser perseguido por algo ou alguém depois de jogarem “Verdade ou Desafio” durante uma viagem de férias no México. Com o passar dos dias, o jogo se torna mortal e começa a punir os jogadores que se recusam a contar verdades e a participar dos desafios.
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A proposta inicial do filme é bastante simples e bem apresentada, é bem verdade que repleta de esteriótipos e clichês, mas essas são questões difíceis de se desvencilhar no gênero de terror atual, pois realmente o volume de produções tentando se reinventar no estilo é muito grande. Mesmo assim o filme consegue se distanciar a velha tentativa de parecer baseado em fatos reais, o que é um ponto positivo aqui.
“Verdade ou Desafio”, busca uma mescla de dois dos filmes mais bem sucedidos no gênero nos últimos tempos, “O Chamado” e “Premonição”. Em resumo, uma grande maldição que tem regras e uma “ordem sequencial” para buscar as próximas vítimas.
Dirigido por Jeff Wadlow (“Kick Ass 2”), o filme traz em sua fotografia alguns aspectos bastante criativos, principalmente no que diz respeito a intenção de trazer a linguagem das redes sociais para o longa, inclusive, com alguns ganchos para o estilo Youtube que poderiam ter sido melhores explorados. Nessa linha, a maior parte do longa segue com a câmera na mão, brincando com os filtros que prejudicam propositalmente a qualidade da imagem para lembrar a filmagem de um celular.
Após um início promissor, “Verdade ou Desafio”, começa a se perder no segundo ato, e torna-se bastante previsível e desequilibrado. Com furos muito aparentes no roteiro e principalmente na regra do jogo, (que seria o mais importante para o andamento do filme), o longa tem que se adaptar aos seus próprios escorregões, e fazer a conveniências consertarem o caminho da história. A regra do jogo tanto parece equivocada, que em determinado momento, o próprio filme tenta refazê-la e acaba prejudicando mais ainda a percepção que temos.
Apesar de se definir como uma grande e desesperada luta por sobrevivência, o filme tem problemas para mostrar as consequências do que está acontecendo, os personagens parecem não sentir nada, é um longa que lida com mortes, mas nas cenas seguintes, os personagens já parecem ter superado. Até mesmo as consequências sociais/criminais dessa série de mortes vão se perdendo no filme, depois de algumas tentativas tímidas de introduzi-las.
A escolha do design de produção, em relação ao tal “sorriso coringa” do trailer, definitivamente não funciona no filme, e surge como algo desnecessário, que poderia ter sido resolvido de outra forma, que até assustasse mais. É uma gag fora de tom, que pode levar alguns espectadores as gargalhadas, ao invés de sustos.
Enfim, “Verdade ou Desafio”, é longa que nasce de boas ideias, mas sofre com algumas escolhas que as sufocam. O filme, por vezes ultrapassa um pouco o limite entre o terror e a comédia, tendendo a tirar algumas risadas que vão desperdiçando o potencial aterrorizante do tal jogo. A solução final é incrivelmente criativa e moderna, uma “jogada de mestre” que filmes como “O Chamado 3” tentaram, mas passaram longe de acertar, no entanto, aquela altura, nem mesmo essa criativa escolha consegue resolver todos os deslizes do filme. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.