Bruce Willis e o diretor Eli Roth resolvem revisitar a série de vingança estrelada por Charles Bronson nos anos 70, na tentativa de revitalizar a história.
Em “Desejo de Matar”, um homem gentil tem sua vida transformada quando sua família é abalada por um ato de violência que machuca a todos. Em busca de vingança, o médico Paul Kersey, se transforma em uma máquina mortífera, para conseguir fazer justiça com as próprias mãos.
Veja também
Os 10 Melhores Filmes de Sylvester Stallone
5 Filmes Para Assistir em Maio
Eli Roth é sagaz, ao já se adiantar a “fiscalização do politicamente correto”, que naturalmente tende a problematizar a justiça “olho por olho”. “Desejo de Matar”, por incrível que pareça, não assume um lado sobre o tema, trazendo sempre uma discussão e ainda algumas críticas veladas ao governo “promocional” de Donald Trump e a falta de controle de armas. Para isso, ele usa as interferências da mídia tradicional, com opiniões incessantes e opostas sobre a violência e o justiceiro em si. No entanto, a grande sacada do filme é imaginar a repercussão que um vigilante desses teria com as redes sociais hoje em dia, toda a fama que ele conseguiria, as opiniões que seriam geradas e até mesmo imitadores.
No início, o roteiro faz uma rápida e eficiente construção da vida perfeita de Paul Kersey, para logo em seguida destruí-la. As pistas são um pouco previsíveis, mas afinal, estamos falando de um remake, e a não ser que fizessem muitas alterações, dificilmente não seria fácil de imaginar as consequências.
É interessante também como o filme brinca com a personalidade de Kersey, através de algumas situações e diálogos que não nos deixam saber se ele é naturalmente violento, ou os acontecimentos irão transformá-lo. Bruce Willis se encaixa muito no papel (ao contrário do que parecia), dando uma nova roupagem para o seco Kersey de Charles Bronson, que por alguns momentos lembra o Bruce Willis de “Corpo Fechado”, mas principalmente constrói uma transição decente do médico (que no original é um arquiteto) pacifico para o vigilante, ironicamente de uma profissão que salva vidas para uma função que tira vidas, outra ótima ideia no filme. Destaque também para Vincent D’Onofrio (série Demolidor), que equilibra o personagem de Willis com um irmão mais inconsequente e passional.
Dentro das possibilidades, as cenas tentam mostrar algum realismo, principalmente, em cima do médico que ainda não tem grandes habilidades com armas ou luta, mas muita raiva para descarregar. Já o visual da violência é um pouco mais cartunesco e lembra HQs ultra violentas que vem fazendo sucesso nos últimos anos. Inclusive o filme carrega uma identidade de quadrinhos em diversos aspectos, desde a “customização” da roupa de Kersey, sempre com um capuz, até o símbolo mais escancarado que é dividir a tela em quadros em alguns momentos.
“Desejo de Matar”, não tem muito tempo de mostrar o “dia – a dia” do justiceiro, com casos que não tenham ligação direta com sua vingança, mas dá uma mostra de como podem ser as continuações, com uma rápida inserção de vingança por “bônus” no caso do “sorveteiro”. Outra coisa que faz falta é ver como Kersey esconde sua “identidade secreta” durante o dia.
Com violência adulta, o filme surpreendentemente tem boas cenas de ação, o diretor mostra certo capricho nos tiroteios e construção de clima de tensão estratégica para compensar a falta de habilidade do médico, e Bruce Willis traz o melhor de personagens como John McClane para nos fazer acreditar que ele realmente pode fazer aquelas coisas e chutar traseiros. Aqui nas cenas de ação, também cabem algumas pequenas pitadas de humor negro e muita ironia, sutis e bem vindas, inclusive na inércia da policia que causa o surgimento do vigilante.
Os vilões enfrentados por Kersey, tem pouca motivação ou desenvolvimento e são puramente “maus”, como alguns clássicos anos 80, mais diretos e sem grandes rodeios.
Enfim, “Desejo de Matar”, consegue cumprir sua missão principal de modernizar a história originalmente protagonizada por Charles Bronson, sem tentar ser sofisticado ou marcar vidas através de uma mensagem super composta. É um filme de ação e vingança, redondo dentro de suas propostas e que funciona na batida certa para o entretenimento. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota”, logo abaixo.