O diretor José Padilha (“Tropa de Elite” e “Narcos”), estréia sua nova produção hollywoodiana, baseada em fatos reais, retratados sob diversas controvérsias ao longo dos anos e que aparentemente devem causar alguma polêmica nesse filme também.
Em “7 Dias em Entebbe”, com apenas uma semana para cumprir os ultimatos dos terroristas, que sequestraram um avião, Israel deve tomar uma decisão crítica: negociar com eles ou fazer uma tentativa de resgate considerada impossível.
A primeira proposta que pode ser considerada polêmica da abordagem do diretor brasileiro, é que o filme claramente tenta estudar a psicologia por trás dos terroristas, e não apresentá-los de forma “caricata” ou maniqueístas. Explorando levemente, até os traumas dos alemães em relação a segunda guerra mundial (dois terroristas são alemães). José Padilha, desenvolve os acontecimentos mostrando os vários aspectos das motivações dos terroristas sem jamais tomar um partido.
Padilha aposta em uma leitura mais humana e menos heroica dos acontecimentos, sem exaltar tanto o exército de Israel em si, mas sim o desenrolar como responsável pela quase milagrosa sobrevivência dos reféns, que inclusive tiveram sua própria participação nas aparentes mudanças de pensamento dos terroristas.
Para avalizar isso, o filme também conta com a excelente atuação de Rosamund Pike (“Garota Exemplar”) e Daniel Brühl (“Capitão América: Guerra Civil”) que entendem muito bem a ideia do diretor, e exploram a confusão interna dos terroristas.
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Repleto de metáforas sobre a relação conturbada entre Israel e Palestina, “7 Dias em Entebbe” procura explorar as filosofias que também tem impedido as negociações de paz e mantém uma “corrida estática” entre as nações.
Uma particularidade é o uso de trilha sonora como elemento da narrativa, com uma belíssima interseção entre cenas de dança e a famosa operação Entebbe, o longa traz em seu clímax uma sequência hipnótica, de tirar o fôlego, o que vai de encontro com a direção muito característica e intensa de José Padilha, com a câmera próxima da ação, quase em primeira pessoa, captando até a respiração dos atores para manter momentos de tensão em alta, lembrando seus melhores momentos na cine série “Tropa de Elite”.
O visual incrível traz um pouco da assinatura do super time brasileiro liderado por José Padilha. No comando da fotografia, Lula Carvalho (responsável pela fotografia de “Tropa de Elite”, “Robocop” e “Tartarugas Ninja”), faz um excelente uso de luz, principalmente da natural, para captar as nuances da história e encaixar a fotografia como um elemento importante da narrativa. Outra “estrela” brasileira que brilha no filme, é Daniel Rezende, que recentemente dirigiu “Bingo – O Rei das Manhãs”, mas é realmente conhecido por seu trabalho como montador, tendo sido indicado ao Oscar pelo trabalho inesquecível em “Cidade de Deus”.
Enfim, “7 Dias em Entebbe”, tem certa “barriga” de roteiro no segundo ato que torna o filme um pouco lento, mas em resumo, não é um longa de ação ou de sequestro, e sim, um thriller psicológico sobre motivações e sobre o “efeito borboleta” que pode fazer pequenas atitudes alterar histórias, um estudo de humanidade sob a batuta de uma competente equipe nacional em Hollywood. Confira o trailer e nossa “Chuck Nota” abaixo.