Sabe quando você diz que sua família daria um livro ou filme?? Para a jornalista Jeannette Walls, essa frase nunca foi um exagero. Em “O Castelo de Vidro”, vemos as aventuras de uma família excêntrica, resiliente e intrigante, uma história de amor familiar incondicional. A vencedora do Oscar®, Brie Larson dá vida o best-seller mais recente de Jeannette Walls, que, influenciada pela natureza totalmente às avessas de seu pai (Woody Harrelson), encontrou a determinação ardente de criar uma vida bem sucedida em cima de suas expectativas e longe de suas lembranças.
O roteiro é muito sútil na construção dos personagens, para brincar livremente com seus conceitos de certo e errado, você tem bons vislumbres das personalidades deles para depois mergulhar em sua “feridas” e entende-los, a essa altura, já com alguns preconceitos formados.
É nessa hora que entra o excelente Woody Harrelson (Planeta dos Macacos: A Guerra), um daqueles atores que centralizam as atenções mesmo quando não são protagonistas, mas esse não é o caso, Woody arrebenta na pele da figura principal de toda essa viagem. Rex Walls, “o Pai” é intrigante, o espectador consegue gostar, odiar e voltar a gostar dele em questão de minutos, literalmente. A grande maioria das pessoas, na maior parte do tempo, irá odiá-lo, mas certamente irá entender sua jornada no fim (mesmo que continue não gostando). Não seria um absurdo colocar Woody Harrelson como um candidato de respeito ao próximo Oscar (apesar do flime totalmente fora de temporada, o que dificulta as coisas).
A vencedora do Oscar e futura capitã Marvel, Brie Larson (O Quarto de Jack), trabalha de forma correta, mas fica apagada, diante do carisma e atuação, vejam só, dos não vencedores (mas indicados) Woody Harrelson e Naomi Watts.
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O quase estreante, Destin Daniel Cretton, entrega o trabalho de direção que o filme pede, tanto em parte técnica quanto na direção de elenco, algo que pode ser visto com muita facilidade na inesperada e surpreendente cena da queda de braços. Ainda há uma interessante vida na paleta de cores, que oscila junto com o carrossel de emoções que o filme traz. É impressionante como a tensão é construída e desconstruída com extrema facilidade.
A edição também nos deixa passar sem sustos pelo jeito não linear que “O Castelo de Vidro” conta a história, vemos a visão detalhada da infância de Jeannete e suas irmãs, com algumas saídas para o presente onde essas lembranças tem alguma consequência. As idas e vindas não incomodam, mas o passado dos personagens é sem dúvida mais atraente que seu momento “atual”. Há um problema com a falta de força da trilha sonora, que não marca ou simplesmente não aparece no momentos mais intensos.
Enfim, apesar de baseado em fatos reais, “O Castelo de Vidro” parece trazer lembranças um pouco exageradas em alguns momentos e possivelmente romanceadas em outros, o que não tira o impacto dos hábitos e atitudes da família. O filme te leva por caminhos que dão em um lugar diferente do que você imagina e por morais fora do contexto que se cria para elas. É um daqueles longas que te faz terminar a sessão com a certeza de que era uma história que merecia ser filmada… Confira o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo.