Estamos vivendo uma nova era dos filmes de ação (ufa…), uma retomada de classe, com filmes estilosos, violentos e realistas, como “John Wick”, “Em Ritmo de Fuga” e agora o surpreendente “Atômica”. O que há em comum entre todos esses filmes, é o estilo de anti-herói aparentemente inofensivo que em pouco tempo te vira do avesso.
Baseado no graphic novel “The Coldest City”, de Antony Johnston e ilustrado por Sam Hart, “Atômica” mostra a agente Lorraine Broughton (Charlize Theron) – a mais assassina e brutal do MI6 – em plena Guerra Fria, enviada à cidade de Berlim para recuperar um dossiê de valor inestimável. Ela se une ao chefe da estação local, David Percival (James McAvoy) e se envolve em um jogo letal de espiões.
Em pouco tempo já se percebe uma força e estilo inquestionável nas cenas de ação, desde a primeira luta dentro de um carro, até uma cena genial de assassinatos ao som de “Father Figure” do George Michael, onde o espectador é levado a ficar sem reação, diante da naturalidade e da brutalidade do mundo em que vive a agente Lorraine.
“Atômica” a principio traz uma história de espionagem simples, com viradas calculadas, porém a trama é mais complexa do que parece, e num primeiro momento, tão complexa, que provavelmente vá fazer você ficar um pouco confuso no final. Nada que um bom recapitula do filme na mente não resolva. O longa desenvolve os personagens de forma muito orgânica, sem ter que contar seus passados. São apresentados elementos que constroem as personalidades, principalmente dos personagens de Charlize Theron e James McAvoy, e em pouco tempo se entende o necessário sobre eles para curtir a história.
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As cenas de luta são bem coreografadas e seguem uma linha “corpo a corpo” mais real, a comparação com John Wick de Keanu Reeves é inevitável. Não por coincidência, quem dirige o filme é David Leitch, que co- dirigiu o primeiro John Wick ao lado de Chad Stahelski (mas não voltou para o segundo). O diretor comanda com maestria a “sinfonia” de violência que vem atrás da personagem de Charlize Theron, com uma fotografia ágil e algumas simulações de plano sequência que funcionam bem para o contexto de espionagem em que se encontra, além de uma montagem redonda que vai e volta nas memórias da protagonista sem se perder. A direção de arte sempre deixa o clima frio, com paleta mais escura, mesmo quando está durante o dia. Um tom diferente do que costumam retratar como os anos 80 no cinema atualmente , algo proposital. Devido a isso, a desconfiança constante da Guerra Fria é representada com perfeição em cada esquina. Outro ponto que merece elogios é a maquiagem, que também brinca bastante com essa violência mais crua do filme.
O elenco está muito a vontade com o mundo criado para “Atômica”. James McAvoy nem sempre acerta em suas escolhas, mas é inegável que é um bom ator e nesse filme consegue encaixar sua habitual entrega com um personagem dúbio e interessante, um “semi vilão”. Já Charlize Theron, do alto de seus 42 anos, se mostra uma figura ainda mais carismática e magnética, você dificilmente consegue tirar os olhos dela, não só por sua beleza, mas pela capacidade que ela tem de dominar o personagem. Muito acima do super valorizado trabalho como a Furiosa de “Mad Max”, e com direito a uma cena com Sofia Boutella (aqui sem muito destaque), gratuita, mas que vai mexer com muita gente nas salas de cinema (acreditem rs).
Se você já viu algum material de “Atômica”, deve ter percebido que o filme tem uma relação muito forte com música (música dos anos 80, principalmente), nada muito farofa e sim mais um rock eletrônico e pop. A trilha carrega nomes como The Clash, David Bowie, Eurymithmics e George Michael uma trilha pop de um bom gosto inacreditável, sem dúvidas, mas é preciso ser muito sincero, chega um certo momento em que o filme satura o uso de música. Na primeira meia hora, todas as viradas de cena tem uma música diferente, no início você acha legal, se diverte, depois de um tempo vem o pensamento “Ok MTV, chega de clipes”, ainda que bem contextualizado e aproveitando a onda iniciada por Guardiões da Galáxia, fica a impressão de que o uso desse artifício passou um pouco da conta.
Enfim, “Atômica” chega como um bom e criativo refresco para o cinema de ação atual que parece ter encontrado um novo e rentável caminho, e a agente Lorraine vem agregada a algo que os estúdios adoram, ela é extremamente “franqueável”, é fácil imaginá-la em infinitas situações de espionagem mundo a fora em continuações… e tomara que consigamos ver isso acontecer … Confira o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo.