Nasceu um cult de ação inesperado, Em Ritmo de Fuga (Baby Driver), com um herói de ação totalmente desconcertante de um repertório musical irresistível. Um jovem, nada ameaçador, tímido, mas brutal ao volante.
Em Ritmo de Fuga, traz um talentoso piloto de fuga (Ansel Elgort) confia na batida da sua trilha sonora para ser o melhor de todos no que faz. Quando ele conhece a garota dos seus sonhos (Lily James), Baby vê uma chance de largar a sua vida no crime e sair dela limpo. Mas depois de ser coagido por um chefe do crime (Kevin Spacey), ele deve enfrentar a música que toca quando um assalto dá errado e ameaça a sua vida, liberdade e tudo que ele ama.
A cena de abertura faz uma excelente apresentação sobre o personagem Baby, um cara com um talento quase animalesco para a direção que vive num mundo muito particular e ligado a música, devido a questões que o longa explicará mais a frente. Sendo a música a principal métrica para o próprio personagem na hora de dirigir, desde de Guardiões da Galáxia não se vê um casamento tão forte de música pop com o desenvolvimento de um filme de ação. Cheio de pérolas de astros da soul music, blues, rock e pop como: James Brown, The Beach Boys, The Commodores, Beck, R.E.M, Barry White, Simon e Garfunkel e Queen.
Em Ritmo de Fuga também faz questão de brincar com referências de cultura pop, mas não as mas óbvias que os filmes atuais buscam para ganhar memes na internet (com Star Wars, principalmente). As aventuras de Baby tem momentos de Embalos de Sábado a Noite, Mike Myers (os dois rs) e até Monstros S.A .
O diretor Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto) mostra maturidade e personalidade em seu primeiro filme nos Estados Unidos, além da já conhecida montagem com cortes criativos e bem pensados (ele usa a mesma equipe há mais de 15 anos), o tempo de ação e fotografia estão arrebatadores, o que nos faz pensar o quanto teria sido interessante ter visto o trabalho dele em Homem-Formiga (filme que ele deixou por “diferenças criativas”). Edgar, também abusa do poder de seguir a velha escola de ação, que lembra as vezes os filmes de Walter Hill (48 Horas) com muitos efeitos práticos e sequências de rua “puras”, realistas e empolgantes. Ao compor sua salada de música com ação, o diretor também encontra o tom certo da comédia, sem forçar a barra em nenhum momento. A piadas ganham forma em olhares e na antecipação de movimentos, principalmente no personagem de Jamie Foxx, que tem um ar de improviso interessantíssimo.
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Ator de Em Ritmo de Fuga ter feito quase todas as manobras do filme
E falando em elenco, poucos filmes da atualidade tiveram tanta felicidade no cast, é bem verdade que os personagens tem personalidades muito bem demarcadas, o que facilita o trabalho, mas nada disso tira o brilho dos excelentes vencedores do Oscar, Kevin Spacey (Beleza Americana) e Jamie Foxx (Ray). Os atores dão um show, chamam atenção pra si de forma muito natural e são garantia de boas cenas sempre que estão presentes.
Além dos dois, John Berthal (série “Demolidor”) e Jon Hamm (série “Mad Men”), também estão entregues a história e competentes. Sobre Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas), o “astro teen” com certeza surpreende, sai da zona de conforto dos filmes infanto juvenis trabalhando com um elenco intimidador, e o ator entrega tudo que o “complicado” Baby precisa, é carismático e parece ter se preparado muito para o filme em todos os aspectos , o que é um ponto muito louvável hoje em dia.
O filme tem bastante esmero técnico, mas parte de um roteiro bem básico e as vezes até previsível, num primeiro momento não se “perde” muito tempo explicando o porquê de um personagem aparentemente tão inofensivo seguir pela vida do crime, mas parece ser a proposta do longa, ser direto e focado na ação. Até mesmo a singela relação paternal de Baby com o idoso Joseph (vivido pelo ótimo CJ Jones) está na medida certa, dá um bom “descanso” para história.
Na primeira metade, Em Ritmo de Fuga é uma comédia de ação perfeita, após essa primeira metade, começa a “deslizar” entre alguns dramas do passado de Baby e um romance exagerado se torna uma muleta desnecessária para as viradas já desenhadas do filme. Esses escorregões tiram um pouco da personalidade que o filme vinha construindo, para se torná-lo uma caçada dramática em seus momentos finais.
Enfim, Em Ritmo de Fuga é literalmente uma “fuga” do habitual, um filme de ação diferente e bem vindo. Sem megalomanias, criativo, com muito estilo e o principal, divertido. Quase uma evolução do excelente Drive de 2011, com Ryan Gosling, com a diferença de ter um repertório de entretenimento muito maior e funcionar para um público mais amplo. Afinal, apesar de alguns desperdícios de potencial, não era exagero, Em Ritmo de Fuga está no nível do hype que o precedeu… Confira o trailer e nossa “Chuck Nota” logo abaixo.