E o Vin Diesel está de volta a um de seus personagens abandonados durante a fase “não quero fazer continuações”. Xander Cage ressurge das cinzas (quase literalmente), com um Vin Diesel obcecado pela fórmula de Velozes e Furiosos. Mas para azar do astro, nem ele, nem a “família” estão tão inspirados dessa vez.
Em Triplo X: Reativado, desta vez, Xander Cage entra em conflito com o guerreiro Xiang e seu grupo. Os dois se enfrentam em uma corrida desenfreada para recuperar uma poderosa arma, conhecida como Caixa de Pandora. Após recrutar um novo grupo de soldados em busca de emoção, Xander se envolve em um plano mortal que aponta para uma conspiração nos mais altos níveis dos governos mundiais
Os primeiros minutos do filme são excelentes (como já tínhamos visto na CCXP, confira), totalmente voltados para a diversão, uma apresentação de toda a galhofada do “atleta X”, uma ótima cena de Donnie Yen invadindo a Cia sozinho e humilhando com sua arte marcial, além do próprio Xander fazendo um surf na floresta tão absurdo, que ficou legal. Sem nenhum disfarce, o filme tenta adaptar diversos elementos de sucesso da franquia Velozes e Furiosos. O conceito de equipe de anti – heróis com diferentes habilidades (como sobreviver a batidas de carro), reunida por um Xander que não aceita trabalhar sem os seus, ou a fraternalidade da frase “Um X cuida do outro” entre outras tentativas, mas nem de longe esses elementos são trazidos com o mesmo cuidado que o próprio Diesel tem em Velozes e Furiosos.
Na direção, Dj Caruso (Roubando Vidas), parece desleixado, não consegue entregar com competência o filme de ação que se espera, até pelo elenco que tinha em mãos. O longa é extremamente picotado, com uma montagem difícil de se entender, e uma estranha sensação de que as cenas não começam exatamente do ponto que vemos. As poucas cenas de comédia também não funcionam, falta “time” nas piadas, e em outros casos falta qualquer desenvoltura mesmo (caso do Neymar).
Várias situações básicas do roteiro são inexplicáveis, mesmo para um filme que não se leva muito a sério. Como eu já adiantei, em suma, todos os personagens de equipe de Xander deveriam ter habilidades especiais, mas ao menos pelo que o filme mostra, entre os três, um tem habilidade de agitar festas e o outro de bater carros e sair vivo, falta aquela lógica básica, reta, que nos faz gostar dos filmes de ação mais simples.
Numa tentativa de atingir públicos do mundo inteiro, o elenco de Triplo X: Reativado é totalmente global, tem dinamarquesa, chinês, tailandês, ídola adolescente e etc. Apesar de o único a ter uma participação efetivamente grande no filme, ser o chinês Donnie Yen (Rogue One), que aliás novamente é destaque em um filme em que não deveria ser (já aconteceu no último Star Wars). O mestre entrega as melhores cenas de luta e mais palpáveis acrobacias. Já o outro astro de ação, Tony Jaa é subaproveitando, não tem boas cenas de ação e para ser honesto, também joga fora seus momentos em tela criando alguns tiques que dão vergonha.
E voltando as acrobacias, Vin Diesel definitivamente não consegue convencer como um “aventureiro radical”. Diesel aparenta ter uns 100 kilos , com músculos grandes e, é impossível comprar a ideia de que ele possa dar um salto mortal com tanta velocidade, ou mesmo perseguir o fino e rápido Donnie Yen numa corrida a pé, não é como acreditar num Vin Diesel/Toretto, brigão de rua, que usa basicamente as mãos, e dirige carros tunados, a ação simplesmente não combina com imagem dele, e vai combinar cada vez menos com o passar do tempo. O ator ainda é prejudicado pela montagem e fraca direção do DJ Caruso, que deixa algumas boas sequências de ação não terem lógica espacial ou o ritmo correto. Salvo por ótima cena de participação especial, que mesmo assim copia notoriamente a cena em que Chuck Norris surge em Os Mercenários 2.
Enfim, Triplo X: Reativado tinha tudo para ser um bom pipocão, uma daquelas diversões que a gente gosta de ver nos cinemas, mas falta um capricho a mais, falta um diretor a mais, um carisma a mais, tudo que fez Velozes conquistar o público ao longo dos últimos anos. Prova de que a mesma receita, pode ter sabores diferentes dependendo do cozinheiro, e na mão da “família X” o caldo desandou. Confira o trailer e nossa Chuck Nota logo abaixo…