Lançamento: 22 de Setembro
Eis uma das lendas infantis que nunca foram muito exploradas no cinema, mas que sempre teve potencial. Hoje em dia a inocência está sumindo cada vez mais cedo, e resgatar um pouco dela com a velha história das cegonhas que entregam bebês é uma boa forma de nos relembrar algumas lições que esquecemos na vida adulta e também ensiná-las aos pequenos.
No filme, cegonhas entregam bebês… ou pelo menos elas costumavam. Agora elas oferecem pacotes para a gigante global da internet Cornerstore.com (Loja da Esquina). Junior, um dos principais entregadores da companhia, está prestes a ser promovido quando acidentalmente ativa a máquina que faz bebês, produzindo uma adorável e totalmente não autorizada bebê.
Desesperado para entregar esse presentinho antes que o chefe descubra, Junior e sua amiga Tulipa, o único humano na Montanha das Cegonhas, correm para fazer sua primeira entrega de bebês em uma viagem selvagem e reveladora. Isso poderá fazer mais do que apenas iniciar uma família, mas também restaurar a verdadeira missão das cegonhas no mundo.
De cara, Cegonhas – A História que Não Te Contaram, é um filme de comédia inocente, mas com excelentes sacadas, tanto para crianças, quanto para adultos. É um humor muito físico, que funciona com uma leveza inacreditável. Os pais, em especial, vão soltar altas gargalhadas ao relembrar as situações que passam ou já passaram com seus filhos pequenos no dia – a – dia.
O filme está repleto de passagens sutis e extremamente simbólicas, à começar pelo conceito de família totalmente desconstruído. Uma grande brincadeira que mostra que famílias podem surgir de várias situações, ter vários formatos, tipos e mesmo assim serem famílias. Sutilezas que filmes como Star Trek precisavam aprender (confira o porquê aqui). Globalização também é um assunto abordado de forma totalmente diferente, mas numa ideia muito direta, o filme trata como alguns serviços e produtos tradicionais estão tendo que se adaptar, pensar fora da caixa para sobreviver (Cegonhas que deixaram de entregar bebês).
A fotografia emula bem a sensação de vôo, várias passagens nos levam pelas alturas com os personagens. Isso não exclui o fato de que o 3D é inexistente (novamente).
O estilo de animação aposta na expressividade dos olhos dos personagens, em sua maioria muito simpáticos, a intenção claramente não é fazer uma revolução técnica e sim contar um boa história com uma animação redondinha. Merece destaque especial o Pombo Luke (dublado pele próprio Marco Luke), um personagem totalmente fora do contexto, de aparência colorida, fala engraçada e que está sempre tentando se encaixar no grupo, um sidekick clássico, que não aparece sempre (e é assim que eles mais funcionam), mas sempre tira risos quando surge.
Também não podemos deixar de citar as ótimas ideias que vem com a aparição de uma Alcateia (lobos), em um momento de jornada em que filmes como esse tendem a se perder e ficarem “chatos”, mas com a chegada dos lobos e toda brincadeira em cima da fofurisse do bebê , Cegonhas ganha novo fôlego, existem realmente algumas surpresas muito divertidas quanto a esses personagens.
Enfim, a jornada do filme lembra em alguns momentos o primeiro (e ótimo) A Era do Gelo. Nos identificamos com situações e principalmente compramos a saga de Junior e Tulipa. Cegonhas – A História que Não te Contaram é um surpreendente exemplo de animação que encontra um meio termo entre o “fofinho” e uma animação com jogadas rápidas para adultos. Um entretenimento de qualidade, cheio de boas mensagens, e pelo que vimos até agora em 2016, um sério concorrente ao Oscar de Animação (se terminasse aqui, pra mim era dele)… Confira nossa Chuck Nota logo abaixo…
