Em Cartaz
Numa época em que remakes e reboots pipocam no cinema, Sete Homens e um Destino surge como um daqueles filmes que tem razão de existir. O filme original é de 1960, e de um gênero pouco revisitado (western), então reapresentar essa história para uma nova geração e despertar curiosidade para o original, é um serviço que o filme de Antoine Fucqua assume desde o início.
Em Sete Homens e Um Destino, na dormente cidade de Rose Creek, sob o controle mortal de Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard), os cidadãos desesperados, liderados por Emma Cullen (Haley Bennett), contratam sete foras-da-lei, para protegê-los: Sam Chisolm (Denzel Washington), Josh Farraday (Chris Pratt), Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke), Jack Horne (Vincent D’Onofrio), Billy Rocks (Byung-Hun Lee), Vasquez (Manuel Garcia-Rulfo) e Red Harvest (Martin Sensmeier). Enquanto eles preparam a cidade para o combate violento, esses sete mercenários descobrem que estão lutando por mais do que apenas dinheiro.
É preciso partir daquele principio que já comentamos aqui, “o padrão Denzel Washigton de qualidade”. Começar um elenco com Denzel, é meio caminho andado. O cast de Sete Homens e um Destino tem escolhas muito felizes. Denzel Washington traz a expressividade já conhecida a seu Sam Chilson e finca uma grande vantagem (talvez a única) sobre o filme original, com todo respeito ao lendário Steve McQueen, Denzel é muita mais ator. Chris Pratt (Jurassic World) e Ethan Hawke (Dia de Treinamento) vão bem, apesar do primeiro repetir fórmulas de seus últimos sucessos, e não se pode esquecer de Vincent D’Onofrio (série Demolidor) que constrói um personagem cheio de maneirismos, uma voz retraída e postura totalmente diferente dos demais.
Para enfrentar “heróis” tão carismáticos, um vilão vivido por Peter Sarsgaard (A Órfa), aparentemente bem construído, mas que poderia ter mais espaço para se desenvolver. Há uma boa introdução, mas depois sentimos falta da presença Bogue efetivamente nos fazendo ter raiva dele.
Aliás, não desenvolver alguns argumentos para os personagens é uma grande armadilha em que o filme se vê frequentemente. A reunião da equipe é muito genérica, certos personagens não têm nenhuma justificativa lógica para tomar parte da “missão” e mesmo o dinheiro não parece explicar tanta coragem e altruísmo dos 7 pistoleiros ( apenas um deles é bem resolvido no final). O maior exemplo é o índio, que inexplicavelmente é acrescentado a história, e da mesma forma introduzido ao time. Sendo muito sincero, no filme original essa seleção também não é perfeita, mas as motivações são mais concretas. Mesmo a possibilidade de redenção para todos eles, carece de uma ligação mais forte com o povo do vilarejo. Temos poucos momentos de interação do grupo com a pacata população, não dá para acreditar que eles realmente tenham desenvolvido motivos para se importar.
O diretor Antoine Fucqua (O Protetor) tenta emular os westerns, fazendo diversas homenagens, inclusive mantendo um ar meio “sobrenatural” sobre os pistoleiros, que fazem coisas quase inacreditáveis para mostrar quem é o “gatilho mais rápido do Oeste”. O clima tenso e provocativo do Velho Oeste está presente a cada olhar desconfiado e troca de câmeras característica desse gênero. Fucqua não fica fazendo brincadeiras com zoom para os clássicos (que bom rs). Percebe-se também uma inteligente influência dos games modernos de Faroeste, principalmente Red Dead Redemption, quando acompanhamos a exploração de cenários, o vislumbre do horizonte, interação e etc.
Sete Homens e Um Destino perde muito ritmo no meio, algo que não funciona tão bem quanto na época do auge do Velho Oeste. Falta nesse miolo, ação que possa inclusive nos vender a falada habilidade do grupo, fica tudo muito subentendido e contemplativo. Até que chega o ato final e o filme melhora consideravelmente, em quase todos os aspectos. A ação frenética de um tiroteio derradeiro nos deixa na ponta da cadeira, o “Bang bang” bem coreografado por Antoine Fucqua, faz o público se envolver e imaginar os próximos passos. Por incrível que pareça, durante esse bang bang conseguimos conhecer as peculiaridades e personalidades de cada personagem com mais clareza que no filme inteiro.
Como era de esperar o filme apresenta boa edição de som e trilha sonora, apesar dessa ser usada com exagero (em termos de quantidade mesmo).
O design de produção realista também merece destaque, pois “moderniza” com texturas reais, que não se via nos clássicos do gênero, cenários bem planejados que não parecem de brinquedo na hora da ação.
Enfim, apesar do que muitos dirão, Sete Homens e um Destino, em sua estrutura, é muito parecido com o original, a forma como a história é conduzida tem poucas mudanças. Talvez a maior adaptação seja ao mundo politicamente correto de hoje, com a diversidade dos personagens (o diretor nega de pés juntos que esse seja o motivo), o medo de estereotipar outros povos e etc.
Ainda que desperdiçando parte de seu potencial, a mensagem de bravura e doação ainda é a mesma e o novo Sete Homens e um Destino é um filme bastante digno, um remake que pode manter a cabeça erguida… Confira nossa Chuck Nota logo abaixo, e se você já assistiu o filme deixe seu comentário