Lançamento: 25/08/2016
Essa semana chega aos cinemas mais uma adaptação de livro, com foco no mesmo público que mais tem sido buscado nos cinemas (os adolescentes), mas com uma crítica implícita que faz bastante diferença em relação as tentativas anteriores.
Em Nerve, a tímida Vee DeMarco (Emma Roberts) é uma garota comum, prestes a sair do ensino médio que sonha ir para a faculdade. Após uma discussão com sua até então amiga Sydney (Emily Meade), ela resolve provar que tem atitude e decide se inscrever no Nerve, um jogo/rede social onde as pessoas precisam executar tarefas ordenadas pelos próprios seguidores (os chamados “observadores”). Logo em seu primeiro desafio Vee conhece Ian (Dave Franco), um jogador de passado obscuro.
Segundo a divulgação, o jogo é um “Verdade ou Desafio” sem a verdade, uma relação bem superficial, mas que explica razoavelmente do que se trata. Com Nerve as pessoas buscam seguidores (como um Twitter ou Instagram), mas com o agravante de que o segredo para ter sucesso no tal jogo digital, é obedecer os desafios dos seguidores, quanto mais bizarro, mais chances o jogador tem de ganhar seguidores e dinheiro.
Do mesmo estúdio de Jogos Vorazes, Nerve: Um jogo Sem Regras tem mensagens importantes sobre o rumo que a vida na internet está tomando. O filme carrega na tinta para mostrar os extremos que o público pode chegar, é fato, que ao interpretar o jogo com calma se percebe que a realidade fictícia não está tão longe do nosso mundo.
A busca da fama a qualquer custo, e as diversas ferramentas que as pessoas têm a mão hoje para isso, são uma combinação perigosa. Os famosos “Segue de Volta” ou “Youtubers”, tipos que põem a mão no formigueiro entre outras bizarrices para ganhar alguns views, são tão diferentes dos jogadores de “Nerve”?
Nerve por um momento chega a parecer um road movie, com desafios aventurescos ao longo de uma viagem não planejada, mas em pouco tempo mostra contornos dramáticos um pouco mais pesados. Como é de se imaginar, os jogadores se comportam como viciados (em fama), as pessoas não sabem e não querem sair daquilo. E naturalmente, num jogo sem limites, as consequências também não tem limites.
As soluções visuais para mostrar a interação com redes sociais e como ela está inserida no mundo são criativas, tags sobem por toda a cidade mostrando quem está conectado e qual inimaginável é esse alcance. Algumas vezes quando os personagens estão olhando para a tela do computador é como se você fosse o computador, e olhasse os personagens de frente. O estilo de filmagem do longa parece ter encontrado uma justificava com o filme em andamento, eles colocam que os desafios são filmados por diversas pessoas ao mesmo tempo (os seguidores), e você como espectador tem a acesso a imagem mais cômoda do momento, um argumento que não se sustenta bem na plot do filme, parece mesmo uma desculpa para arrumar takes teoricamente sem sentido, mas importantes para a produção.
O elenco mediano, não compromete o resultado. Dave Franco (Truque de Mestre), mais conhecido como irmão do James Franco (Homem-Aranha), se esforça e anda literalmente na corda bamba na hora de entregar drama, já Emma Roberts, uma mistura de Gwyneth Paltrow com Paula Fernandes tem algum carisma, mas evita se arriscar em grandes viradas de comportamento. Os atores também precisam de um crédito, pois os personagens não são bem desenvolvidos pelo roteiro, lhes falta background, a própria virada que a Emma tem dificuldade de mostrar não é justificada pelo filme, ou é de forma preguiçosa em rápidos diálogos sobre o passado.
Enfim, Nerve: Um Jogo Sem Regras, tem algumas ótimas ideias que vão tentando encontrar seu lugar na execução esforçada da dupla de diretores Henry Joost e Ariel Schulman (Atividade Paranormal 3 e 4), entre um ou outro escorregão a dupla consegue entender e acertar o tom do filme. Nerve tem uma veia adolescente, mas não mira só neles, resta saber se esse público vai entender a mensagem ou achar que está na hora de criar um Nerve na vida real… Confira nossa Chuck Nota logo abaixo…