Lançamento: 21 de julho de 2016
Num mundo onde os estúdios trocam o gênero de personagens para tentar engajar alguns grupos e tentam criar campanhas de marketing onde não gostar de determinado filme faz de você um machista, homofóbico ou qualquer uma dessas expressões da moda, ver um longa com elenco de peso flertando com o politicamente incorreto é deliciosamente agradável.
Dois Caras Legais conta a história do rabugento Jackson Healy (Russell Crowe – Gladiador, Uma Mente Brilhante) e do atrapalhado Holland March (Ryan Gosling – A Grande Aposta, Tudo pelo Poder), que são contratados para encontrar a filha desaparecida de uma funcionária do alto escalão do governo norte-americano
O filme é uma grande mistura do Máquina Mortífera ( que vai virar série, confira aqui) com Starsky e Hutch (série dos anos 70). Uma dupla toda errada e de personalidades bem diferentes é colocada para trabalhar junta, isso em plenos anos 70 sem tantas “delicadezas” quanto os tempos de hoje, e então temos um filme de ação moderno que espertamente se esconde na década para justificar sua pouca preocupação com o politicamente correto.
Dois Caras Legais claramente só é assim pelo bom toque de direção e roteiro de Shane Black (Máquina Mortífera, Homem de Ferro 3) que ainda traz aquela aura dos anos 80. A mistura de comédia e ação funciona e tem fluidez, Shane Black faz questão de usar mais efeitos práticos, jogo de câmeras bem posicionadas e outros truques dos anos 80 para acomodar a ação mais crua. Diferentenmente do estilo agente super treinado e cheio de brinquedos que virou mania nos cinemas, o que vemos aqui é uma dupla tentando se virar com seus recursos e protagonizando boas sequências de ação com doses cavalares de humor.
Um mérito da trama é segurar o suspense de forma simples enquanto nos entretêm, você demora a captar o verdadeiro centro da história e quando ela engrena, já está bastante envolvido.
Ambientação e figurino são um um pouco mais contidos do que costumamos ver em filmes que representam os anos 70, mesmo assim, a reprodução é competente. Vale destacar também a trilha sonora de clássicos da década (incluindo uma hilária cena com a banda Earth, Wind and Fire).
O personagem de Russell Crowe representa bem o espírito do filme com seu estilo mais durão e métodos diretos. Crowe sempre entrega grandes trabalhos e aqui não é diferente, apesar de as vezes parecer levar as coisas a sério demais. O mesmo não acontece com o carismático Ryan Gosling que se diverte com seu detetive atrapalhado e consegue roubar a cenas com frequência. Destaque também para a boa atriz mirim Angourie Rice, uma ótima “sidekick” , mesmo que a intenção inicial não pareça ser essa. Há também Kim Basinger (Los Angeles: A Cidade Proibida), essa longe de seus bons tempos e bem “econômica” nas expressões.
Enfim, apesar de se passar nos anos 70, Dois Caras Legais trabalha uma perspectiva mais contemporânea, é como se você realmente fizesse uma viagem ao passado para observar a história do seu ponto de vista. O filme aplica nossos valores atuais para tornar a trama ainda mais absurda e engraçada. Levar Dois Caras Legais tão a sério talvez não faça bem a sua percepção. É um filme de ação com a fórmula da dupla politicamente incorreta onde sequer se preocuparam em colocar atores de etnias diferentes (negro com branco, chinês com negro e etc), a preocupação está em emular a diversão dos clássicos adultos e quem sabe dar o ponta pé para um nova franquia do estilo… estamos precisando… Confira nossa Chuck Nota logo abaixo…