A notícia não é nova, mas se você não sabe depois de todas as polêmicas do ano passado quanto a diversidade no Oscar, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas resolveu atender ao clamor do público e adicionou 683 novos integrantes, sendo 283 de fora dos Estados Unidos. Entre eles John Boyega (Star Wars – O Despertar da Força), Michael B. Jordan (Creed – Nascido para Lutar), Oscar Isaac (Star Wars – O Despertar da Força), Idris Elba (Luther), Mahershala Ali (O Curioso Caso de Benjamin Button), Chadwick Boseman (Capitão América: Guerra Civil), , Carmen Ejogo (Selma), Freida Pinto (Quem Quer Ser um Milionário), Damon Wayans Jr. (New Girl), Marlon Wayans (As Branquelas). Também foram acrescentados os brasileiros, Anna Muylaert (Que Horas Ela Volta?), o animador Alê Abreu (O Menino e o Mundo), Lula Carvalho (diretor de fotografia de Tartarugas Ninja), Pedro Kos (montador), Affonso Gonçalves (montador), Antonio Pinto (compositor), Marcelo Zarvos (compositor), Rodrigo Teixeira (produtor), Renato Dos Anjos (animador) e Vera Blasi (roteirista).
Você vai perguntar porque essa entrada de tantos componentes é tão importante… Vamos ao perfil de votantes antes dessa “mudança”, 77% dos 6 mil votantes eram homens; 94% brancos; 42% fizeram seu projeto mais recente em 2010; 79% tem mais de 50 anos.
Com esse perfil de votante você imagina um Creed: Nascido Para Lutar sendo indicado a melhor filme? Batman sendo indicado ao Oscar (Cavaleiro das Trevas) ? Se Beber Não Case com Melhor Roteiro? Coloquei aqui três exemplos que podiam tranquilamente ter sido indicados aos Oscar e você provavelmente tenha achado os exemplos até sem noção, mas vou explicar o porquê.
Você cresceu aprendendo que filme de Oscar é “filme cabeça”, principalmente dramas, aqueles que poucas pessoas entendem, mas que vários seguem o bonde e dizem ter gostado por ser “cool” gostar de filmes nesse perfil. Não há problemas em filmes de drama serem indicados, mas não é o que o prêmio diz, quando me vendem “O Melhor Filme do Ano” eu não quero saber qual é o melhor Drama do ano, eu quero saber qual é o melhor Filme do ano, e sem considerar todos os gêneros esse resultado não existe.
Esse ano tivemos que encarar filmes como Brooklyn (um sonífero dos melhores) indicado ao Oscar, enquanto Creed, um sucesso de público e crítica, teve apenas uma indicação de consolo para Stallone (que mesmo assim perdeu por um grande preconceito da acadêmia com a carreira de ação do astro, que por sinal, protagonizou o momento de maior audiência na cerimônia).
Essa reflexão é para mostrar que temos uma luz no fim do túnel, essa adição de mais de 600 membros com perfis diferentes (negros, mulheres, jovens, estrangeiros) pode mudar também o famoso perfil “filme chato de Oscar”. É fato que esses membros tendem a escolher filmes variados em todos os aspectos, e talvez o problema esteja bem ai… São mais de 6000 membros, foram adicionados pouco mais de 600, com diversos perfis, ou seja, isoladamente eles vão mostrar suas preferências, mas será que seus votos cruzados serão suficientes para bater os votos envelhecidos e padronizados da academia atualmente?
Fica esse questionamento e vamos torcer para um Oscar não só com maior representatividade desse ou daquele grupo, mas para um Oscar que comece a levar em conta a diversão, filmes que trazem entretenimento de verdade, filmes que sustentam a indústria efetivamente (e não estou falando de bombas como Transformers).