elvis-nixon-ean_df_00126_r_rgb22_wide-164f678722a16f3040a500626c2bd65edb0dc2de-s900-c85Estréia: 16/06/2016

Sabe aquele filme que as pessoas vão olhar para o cartaz e dizer, “hein”? Esse é Elvis e Nixon, mas não se deixe trair pelos preconceitos ou preguiça de pesquisar. Elvis e Nixon traz uma história poderosa e hilária, tirada de um momento histórico inesperado, lotado de curiosidades.

Em uma manhã de dezembro de 1970, o Rei do Rock, Elvis Presley (Michael Shannon) apareceu na Casa Branca para pedir uma reunião com o homem mais poderoso do mundo na época, o Presidente Richard Nixon (Kevin Spacey). Elvis e Nixon conta a inacreditável história que ninguém conhece sobre esse momento no Salão Oval.

Somos introduzidos logo nos primeiros momentos a um Elvis Presley aparentemente entediado e, como bom republicano, insatisfeito (a sua maneira) com as “más influências” a juventude e os bons costumes americanos. O que o faz (vejam só), buscar um encontro com o presidente americano para tentar se tornar um “agente especial anti-drogas à paisana “

Os pensamentos e atitudes de um megastar um tanto alheio a realidade (qual superstar não é?) tornam a jornada de Elvis especialmente interessante. Cheio de convicções e um vício em distintivos e tudo que fosse ligado as leis (principalmente armas), Elvis tem um arco bem construído desde o início, nos dando a impressão de já conhecer bem o personagem, até mesmo quando pontualmente surgem suas lamúrias sobre a vida de celebridade.

Nixon ganha espaço aos poucos e apresenta um contraponto perfeito de alguém da mesma linha conservadora de Elvis, mas longe das excentricidades de um astro de Rock. Prova disso é seu total desinteresse e falta de conhecimento sobre o astro no inicio.

Os diálogos são simplesmente espetaculares. Rápidos, cheios de humor, fazendo piada sem precisar fazer piada, apenas com uma combinação certeira de conversas afiadas. Toda atmosfera de poder criada em torno dos personagens é essencial. Elvis Presley e Richard Nixon tem muitos métodos e regras, lideradas por equipes que tomam conta de seu dia a dia, algo que rende ainda mais cenas engraçadas, como o repassar de regras para Elvis seguir quando estiver na presença de Nixon, enquanto a equipe do cantor em outra sala também apresenta uma lista de regras de como Nixon se portar quando estiver na presença de Elvis… não dou mais detalhes para evitar spoilers, mas é impagável…

A proposta do filme é te colocar na situação, dentro do acontecimento, e a diretora Liza Johnson filma de perto mesmo, te deixa numa posição privilegiada como espectador. Aliás Liza se mostra muito atenta aos detalhes, cada objeto em cena tem uma razão de ser. A reprodução de figurinos e peças dos anos 70 é impecável (explicamos de forma bem simples esses detalhes técnicos de cinema aqui).

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Imagem do encontro original

Mas a verdade é que Elvis e Nixon é filme de atuações, sem exageros, dignas de Oscar. Tanto Michael Shannon (O Homem de Aço) quanto Kevin Spacey (série House of Cards) fazem você esquecer que não são tão parecidos com os personagens originais, através de trabalhos marcantes. Os maneirismos dos personagens tornam cada situação ainda mais curiosa. Kevin Spacey trabalha um estilo mais retraído, típico do politico nos anos 70 e é especialmente divertido ver como ele interage com o chamativo Elvis Presley, principalmente esse criado por Michael Shannon, repleto de manias e com uma fala quase hipnotizante, que reproduz o “charme” e poder de convencimento que o cantor tinha, mesmo em seus momentos mais desequilibrados. Fiz um teste e vi alguns vídeos com pequenas falas do Elvis logo após assistir o filme, e é impressionante como você parece estar ouvindo a mesma voz que Michael Shannon demonstra no filme, o que comprova um estudo minucioso do ator.

Enfim, você termina Elvis e Nixon querendo saber outras histórias, mais bastidores malucos da amizade entre celebridades e etc. E até mesmo a ideia de um filme sobre a vida de Elvis com Michael Shannon não parece ruim. Existe um memorando e várias fotos sobre o encontro histórico, a foto do aperto de mão é, inclusive, o registro mais procurado do Arquivo Nacional Americano (que contém bilhões de imagens e documentos de momentos marcantes da humanidade), no entanto, até que ponto o que é mostrado no filme realmente aconteceu daquele jeito, nunca saberemos… Prefiro acreditar que foi tudo verdade e esperar que Marty Mcfly um dia me empreste sua máquina do tempo para conferir ao vivo o quanto hilário, interessante e bizarro deve ter sido esse encontro. O curto filme (1h26) é aposta certa para quem gosta de uma boa comédia e tomara, vença as barreiras e travas do votantes do Oscar para ganhar os holofotes como a agradável surpresa que é… Confira nossa Chuck Nota logo abaixo…

5 Norris