Um dos filmes mais aguardados entre os fãs de ação e artes marciais já ganhou a luz do dia. Ip Man 3, continuação da franquia asiática de maior sucesso dos últimos tempos. Agora o famoso mestre tem de enfrentar um grande conhecido dos fãs de boxe. Mike Tyson.
Em Ip Man 3 quando uma gangue de bandidos brutais liderados por um promotor imobiliário (Tyson) começam a causar terror na cidade, o mestre Ip é forçado a usar toda sua habilidade para defendê-la.
Ip Man 3 mantém alguns padrões que fizeram a franquia ser tão querida entre os fãs, o principal é a linda fotografia e o design de produção. Os cenários de época dos vilarejos chineses são reproduzidos a perfeição, com detalhismo e muito respeito pelas tradições, assim como os figurinos, dignos de Oscar. Os ângulos são bem planejados, e o diretor Wilson Yip consegue captar com clareza cada movimento do filme, sempre com um estilo um pouco mais direto e próximo das cenas.
Se você espera ver grandes lutas no filme, as coreografias continuam sendo o ponto alto sim, e as lutas se utilizam bem da ótima edição de som para fazer tudo ficar mais tenso e realista, como nos acostumamos a ver na franquia. Porém, ter boas cenas de luta, não quer dizer que Ip Man 3 tenha cenas tão marcantes quanto os dois primeiros filmes. O longa repete demais algumas fórmulas que já vimos antes, parece que estamos vendo uma grande homenagem, a mais clara é a luta de Ip contra 10 homens, novamente. Uma citação direta ao primeiro filme, mas muito longe de ter o mesmo peso e beleza daquela cena clássica.
O filme, tenta desenvolver 3 tramas ao mesmo tempo, e aí começam os problemas, elas se confundem e parecem terminar na metade ou começar pela metade, não há lógica entre elas. A edição e montagem é ruim, e isso dificulta demais o entendimento do filme. As frentes da história são: A tentativa do promotor imobiliário de ganhar território, a ascensão de um novo mestre de Wing Xu e a relação entre Ip e sua esposa.
Por incrível que pareça, a trama mais singela que é a da relação de Ip e sua esposa é a mais bem desenvolvida, não vou dar spoilers, mas é o momento mais “Ip Man” desse filme, que mostra o estilo simples que sempre gostamos nas tramas de Ip. Vale ressaltar que Donnie Yen, que esse ano pode finalmente se tornar um grande astro nos Estados Unidos (participará do novo Triplo X e Star Wars) continua tendo total domínio do personagem, sem exageros de atuação, bem ao estilo chinês, consegue viver um drama muito melhor do que se espera dele.
Outro grande problema do filme são os vilões, muito mal desenvolvidos, pouco se consegue entender das motivações deles. O mestre de Wing Xu rival, começa de um jeito e muda completamente sem nada que justifique, simplesmente por um espírito de rivalidade que parece surgir do nada. Já o personagem de Mike Tyson, o promotor imobiliário, é infelizmente o personagem mais deslocado do filme. Sua presença na trama é confusa, e a dificuldade de atuar do ex-lutador deixa um certo clima de filme B (coisa que Ip Man nunca foi, por isso exigimos mais dele), algo que poderia ter sido remediado com uma direção melhor. Não dá pra ter certeza se cortaram cenas do Tyson (fica a impressão de que ele teria mais importância na ideia inicial) mas suas entradas são muito pontuais e quando finalmente acontece a tal luta entre Ip Man e Tyson, uma boa e diferente luta diga-se de passagem, se espera que o vilão vá ganhar espaço, mas pelo contrário, encerra suas atividades no filme como se tivesse um tempo limite para estar ali (literalmente).
A tão falada presença de Bruce Lee também deixa a desejar, aparentemente a briga da família Lee pelos direitos autorais prejudicou a trama. O personagem que representa Bruce Lee (digo representa, pois nenhuma vez o nome é citado), surge duas vezes durante o filme. Uma primeira aparição bem interessante e que deixa uma boa expectativa, já uma segunda bastante forçada, ambas sem peso para o contexto da história, mais como um “fã service” para quem estava ansioso por essa aparição, do que preocupação em mostrar a importância dele na história do mestre Ip.
Enfim, em Ip Man 3 os diálogos ainda são cheios de filosofia, mas dessa vez parecem perdidos confusão de tramas. Apesar de ter alguns bons momentos, e do cuidado técnico, Ip Man 3 é sem dúvida o filme mais mal desenvolvido da franquia. Uma pena que o mestre Ip não tenha conseguido resistir a maldição do terceiro filme. Veja nossa Chuck Nota logo abaixo…